3 perguntas para…Ugo Giorgetti
O cineasta fala de seu mais recente trabalho intitulado 'Solo'
Na sexta (28), o cineasta Ugo Giorgetti completa 68 anos de idade. Incansável retratista da cidade, esse paulistano acumula trabalhos notáveis como ‘Festa’ (1989), ‘Sábado’ (1995) e ‘Boleiros’ (1998), além de possuir um passado como diretor publicitário. ‘Solo’, seu filme mais recente e radical, que ocupa uma única sessão no Espaço Unibanco 2, às 18 horas, traz apenas o ator Antonio Abujamra falando diretamente para a câmera.
Prefere fazer fitas com grande elenco a um monólogo em longa-metragem?
‘Solo’ foi um filme barato, que custou cerca de 200 000 reais. Não me importam os meios nem o tamanho, gosto é de fazer cinema constantemente. Nos últimos quarenta anos, saí de casa para filmar. Durante três décadas, dirigi publicidade de TV, mas parei. Aliás, quase toda minha geração parou. É algo da vida, já que há uma nova leva de diretores publicitários. Não dá para disputar comerciais com esses garotos.
Como foi a parceria com Antonio Abujamra?
Ele fez meu segundo filme, ‘Festa’, e somos amigos desde a década de 80, quando fomos sócios do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Escrevi Solo como um monólogo para o teatro, mas não foi para a frente. Certo dia, tomando um café com Abujamra, notei que a idade do personagem coincidia com a dele, assim como a aparência física. Mencionei o texto, ele leu e adorou. Filmamos em fevereiro de 2008, num estúdio da TV Cultura.
O que o personagem tão niilista do filme tem de Ugo Giorgetti?
Algumas histórias relatadas por ele ocorreram comigo. São acontecimentos banais de São Paulo, como ser interceptado no supermercado por promotoras de venda ou incomodado por uma pedinte num farol. Mas, ao contrário de mim, ele tem uma solidão extrema. E se recolhe para dentro de si mesmo, até muito mais do que eu. Quanto a ser niilista, acho que as pessoas estão dizendo “sim” para tudo. Alguém tem de falar “não”!