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“Podemos, sim, ter uma terceira onda de Covid-19″, diz diretor da Fiocruz

Rodrigo Stabeli comenta dados de instituto norte-americano que projeta ao menos 525 000 mortes ocasionadas pela doença até agosto no Brasil

Por César Costa
Atualizado em 4 Maio 2021, 16h00 - Publicado em 4 Maio 2021, 15h55
Na imagem é possível ver uma vasta área de terra em uma cemitério. Há quatro pessoas escavando quatro covas
Covas abertas no cemitério Vila Formosa no início da pandemia do coronavírus (Leo Martins/Veja SP)
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O Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação da Universidade de Washington, dos Estados Unidos, projetou que o Brasil deve alcançar 575 635 mortes devido à Covid-19 até o dia 1° de agosto junto a uma possível terceira onda da doença. A instituição também fez uma projeção mais otimista e outra com o pior cenário possível. 

Em entrevista à VEJA SÃO PAULO, Rodrigo Stabeli, pesquisador e diretor da Fiocruz em São Paulo, afirma que as previsões da universidade são confiáveis. “É um dos melhores grupos de projeção do mundo”, diz ele.

No cenário otimista montado pelo instituto estadunidense, seriam registrados 525 mil óbitos até agosto. Nele leva-se em conta a adoção imediata de medidas de isolamento social efetivas com, pelo menos, 95% da população usando máscaras durante o período. No entanto, Stabeli considera improvável essa projeção. Na sua visão, com as medidas atuais feitas no Brasil, o país deve enfrentar alta de mortes novamente.

“Podemos, sim, ter uma terceira onda. Nós não sabemos a intensidade dela. Se a gente continuar com esse comportamento de desmerecimento da pandemia, acredito que ela será pior que a segunda. Ainda temos uma baixa cobertura vacinal e uma população que teve pouco contato com a doença”, explica o pesquisador.

Na projeção mais negativa da instituição de métricas, 688 748 vidas seriam perdidas para a doença. Neste caso, o cenário projetado leva em consideração a população vacinada adotando um nível de deslocamento pré-pandêmico e sem uso de máscaras. Vale destacar que a vacina não impede a transmissão do vírus. 

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Ainda no cenário mais preocupante, a terceira onda seria notada no começo de junho com aumento de casos, chegando ao registro diário de 600 000 novos infectados. O pico de mortes diárias alcançaria, aproximadamente, 4 200 no começo de julho. 

O pesquisador da Fiocruz acredita que a última onda possa ser mais letal que a segunda, diferentemente do que aconteceu com outras pandemias no passado, e até resultar em cepas resistentes aos imunizantes atuais. “Na gripe espanhola tivemos três ondas principais. A segunda foi a mais letal e a terceira pior que a primeira. No entanto, a população cresceu mais e a globalização se acentuou, o que proporciona a troca mais dinâmica entre variantes, que podem proporcionar, entre outras coisas, o escape vacinal”. 

Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, também acredita ser possível haver uma terceira onda da Covid-19. “Sempre procuramos olhar os países em que o processo da pandemia é mais antigo. Na Ásia e na Europa, acompanhamos a 1ª e a 2ª onda. Aqui teve da mesma forma e com o agravante da variante P1, de Manaus, que é mais letal. E agora, olhando para esses países, é possível perceber um enfrentamento da 3ª onda. Não há menor sombra de dúvida de que esse cenário pode se repetir. Por isso alertamos da necessidade de seguirem as medidas sanitárias de não se aglomerar, usar corretamente a máscara. Estamos nos preparando para um eventual cenário de 3ª onda”, disse ele em entrevista à Jovem Pan.

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