Tarcísio troca delegado responsável pelas ações na Cracolândia
Roberto Monteiro estava à frente das operações desde junho de 2021
O delegado Roberto Monteiro de Andrade Júnior não responde mais pelas ações policiais na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, função na qual estava empenhado desde junho de 2021, quando as operações de combate ao tráfico de drogas e ao chamado “fluxo” tiveram início.
+“Tudo acontece aqui”, diz Roberto Monteiro, delegado seccional do Centro
Sua saída foi oficializada por meio de um decreto publicado nesta terça-feira (10) no “Diário Oficial do Estado”. Quem assina o documento é Artur José Dian, delegado-geral de Polícia Civil escolhido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O delegado respondia pela 1ª Seccional de Polícia, no Centro. Segundo publicação do “Diário Oficial do Estado” do último sábado (7), quem assumirá o cargo é o delegado Jair Barbosa Ortiz, do Departamento de Polícia Judiciária de São José dos Campos, no interior, mesma cidade onde o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), foi prefeito e tem raízes políticas. Tarcísio nomeou Ramuth para ser coordenador do projeto específico para a região.
O delegado Roberto Monteiro, como gosta de ser chamado, tinha simpatia para continuar no cargo e moradores chegaram a criar um abaixo-assinado pela sua permanência. Entretanto, pesou o fato dele já ter colaborado com o plano de governo do ex-governador João Doria (sem partido), e ser muito ligado pessoalmente ao ex-tucano.
Caronte
Monteiro foi o criador da Operação Caronte, que visava combater o tráfico de drogas na Cracolândia. A operação foi criada em parceria com a Prefeitura de São Paulo, mais especificamente em conjunto com Alexis Vargas, secretário-executivo de Projetos Estratégicos da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Vargas coordena as ações da administração municipal na região voltadas a oferecer tratamento médico e acolhimento em serviços de assistência social dos dependentes químicos, enquanto Monteiro comandava as equipes responsáveis pelas investigações e operações quase que diárias na região.
Durante as quase 30 etapas da operação, cerca de 200 pessoas foram presas por tráfico de drogas. Balanço da polícia indicam ainda que até o final do ano passado, mil pessoas foram “fichadas” (assinaram termo circunstanciado) por consumir drogas em vias públicas.
As dispersões do tradicional “fluxo” de usuário de drogas perto da praça Júlio Prestes, e depois, da praça Princesa Isabel, onde os usuários se instalaram posteriormente, ocorreram durante a gestão do policial. Apesar de ser considerada internamente como exitosa, a ação fez com que usuários se espalhassem pelo Centro da capital, gerando várias críticas de moradores e comerciantes.
Procurado, o delegado não quis comentar a respeito de sua saída.
Em agosto de 2022, Em entrevista à Vejinha, ele comentou que adorava política, e que não deixaria a polícia para ser político. Entretanto, não negou que um dia poderia se candidatar.