“Submarino” mostra irmãos aos pedaços
De Thomas Vinterberg, filme é um drama triste e comovente vindo da Dinamarca
Junto de Lars von Trier (em cartaz com “Melancolia”), Thomas Vinterberg foi um dos criadores do Dogma 95, movimento da década de 90 de cineastas dinamarqueses que pregava um cinema mais despojado e “sujo”, sem luz artificial nem trilha sonora. Na época, Vinterberg ganhou fama por seu badalado “Festa de Família” (1998). De lá para cá, o diretor, de 42 anos, errou a mão no confuso “Dogma do Amor” (2003) e no excesso de humor negro de “Querida Wendy” (2005). Mas Submarino, seu mais recente longa-metragem, revela-se um registro duro, brutal e igualmente comovente de dois irmãos marginalizados. A fita tem pré-estreia neste sábado (3) no CineSesc e será lançada na sexta (9).
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Na trama, Nick e seu irmão caçula, ainda na infância, tentam driblar os descuidos da mãe alcoólatra fazendo-se de babá do novo filho dela. Mas o bebê não sobrevive. O tempo passa e a tragédia deixa marcas profundas nos garotos. Agora adulto, Nick (Jakob Cedergren) acabou de sair da prisão por agressão, mora num abrigo do governo e vive entre a academia e o apartamento, entre a embriaguez e a indolência. Nem no sexo ele encontra prazer. Algo cruel, no entanto, vai detonar um outro destino ao personagem. Seu irmão mais jovem (interpretado por Peter Plaugborg) também só deu cabeçadas. Casou-se com uma drogada, morta em misterioso atropelamento, e, viciado em heroína, tenta ser um pai presente para o pequeno Martin (Gustav Fischer Kjaerulff).
Vinterberg nem sonha em aparar arestas a fim de enfocar as desgraças dos protagonistas. Carrega nas tintas do melodrama usando uma fotografia bastante clara para reforçar o realismo de um roteiro ambientado na gélida Copenhague. O fundo psicológico possui papel fundamental: com a falta de suporte materno, os garotos viraram gente grande sem norte. Nem tudo, porém, está perdido no triste enredo. O desfecho aponta uma solução menos infeliz e remediada com alguma esperança.
AVALIAÇÃO ✪✪✪