Shopping Cidade Jardim reage contra concorrentes como o JK Iguatemi
Em expansão, o estabelecimento lança restaurantes e lojas de grifes inéditas

Aconteceu em Pequim e Xangai há cerca de dez anos, em Moscou logo depois e agora São Paulo registra o mesmo fenômeno: a capital é a rota da vez para o desembarque de grifes internacionais de luxo, grande parte delas com lojas próprias, controladas pelas matrizes. A inauguração do JK Iguatemi, no fim de junho, contribuiu para aumentar a lista de etiquetas debutantes na metrópole. O empreendimento ajudou a trazer para cá negócios como a joalheria Van Cleef & Arpels e a doceria Ladurée, ambas de origem francesa. Para não ficar atrás nesse mercado, a concorrência começou a se mexer. O Shopping Cidade Jardim, também na Zona Oeste, é o palco das novidades mais reluzentes. Até o fim do ano, cerca de trinta estabelecimentos devem ser inaugurados no local, entre lojas e restaurantes.
Na sexta 17, estava prevista por lá a abertura de um ponto da Missoni Home, badalada loja italiana de móveis e itens para casa, num estilo que pode ser definido como étnico-chique. No fim de julho, já havia ocorrido no piso térreo o lançamento da Cartier. A grife deixou seu antigo endereço na Rua Haddock Lobo, nos Jardins, para migrar para o espaço inaugurado em uma festa com um show da cantora Marina de la Riva. Na vizinhança, tapumes cobrem as futuras instalações de várias marcas, como Fendi e Valentino, que nunca haviam tido ponto exclusivo no país.

Grande parte dessa fase de expansão ficará concentrada entre os meses de outubro e dezembro. A Dior é uma das empresas que irão iniciar suas atividades nesse período. Será o seu primeiro endereço em um centro de compras paulistano, numa área de 500 metros quadrados. Paralelamente, a companhia reforma o ponto na Rua Haddock Lobo onde vende seus produtos há doze anos. Ele vai dobrar de tamanho, chegando também a 500 metros quadrados. A Louis Vuitton, vizinha da Dior nos Jardins, terá no Cidade Jardim seu maior projeto na América Latina, com 1.000 metros quadrados. Tudo deverá ficar pronto até outubro, segundo a previsão dos executivos da marca. “Será o que chamamos de global store, com a linha completa de produtos, incluindo bolsas, vestuário, sapatos, joias e relógios”, conta Marc Sjostedt, diretor-geral no Brasil.
Importantes bandeiras nacionais, de setores diversos, engrossarão o pacote de lançamentos do shopping. Na área de serviços, a academia da Reebok se expande em 1.000 metros quadrados até o fim deste ano. Em um quinto pavimento, haverá um spa e um setor de coleta de exames do Hospital Albert Einstein. O Grupo Fasano terá no Cidade Jardim o Parigi Bistrô, ainda sem definição de data e localização exata. Pode ocupar o terceiro ou o quarto andar, que era praticamente inutilizado e agora ganhou mesas ao ar livre e está repleto de novidades gastronômicas, como a Adega Santiago e o bar Astor, criando um ambiente agitado, em contraste com os corredores silenciosos e esvaziados que caracterizam o shopping, onde cada cliente significa muito: o consumidor deixa, em média, 2.500 reais em compras durante sua visita.
NEGÓCIO RENOVADO
Como deverá ficar o lugar após a conclusão das obras de ampliação previstas para este ano

Nos últimos meses, o apetite pelo crescimento se mostrou traiçoeiro para vários centros, a começar pelo JK, que teve a abertura adiada em cerca de dois meses devido à falta de cumprimento de exigências. A prefeitura diz que o Cidade Jardim está em dia com a documentação. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), porém, faz estudo sobre possível impacto no trânsito, para, se for o caso, negociar obras de melhoria. Com as mudanças, o empreendimento chegará a uma área total de 40.000 metros quadrados, 5% a mais que a atual. O impacto maior ocorrerá no fluxo de clientes. “Esperamos aumentar em 20% o total de frequentadores”, afirma Ana Auriemo Magalhães, diretora de desenvolvimento da construtora JHSF, dona do shopping.

Se a meta for atingida, o lugar registrará 25.000 visitantes por dia, mais do que a cifra atual do JK (20.000 pessoas). Os responsáveis pelo Cidade Jardim negam que a movimentação atual seja para reagir ao concorrente. Segundo eles, os investimentos têm como objetivo sustentar o bom ritmo de evolução do negócio. “Nosso faturamento cresceu 20% de 2010 para 2011”, comemora Ana Auriemo.