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São Paulo receberá refugiados venezuelanos vindos de Roraima

De forma oficial e planejada, o governo federal iniciará em março a distribuição dos imigrantes para desafogar a região Norte do país

Por Adriana Farias
Atualizado em 21 fev 2018, 19h18 - Publicado em 21 fev 2018, 19h08
Comunidade de venezuelanos em Roraima: parte deles vem à capital (Divulgação / Conectas/Veja SP)
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O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou em coletiva no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (21) que a distribuição de solicitantes de refúgio venezuelanos que estão em Roraima para outros estados começará a partir de março. São Paulo receberá em torno de 350 imigrantes, e Manaus, outros 180.

“Antes de serem deslocados, os venezuelanos ainda passam por cadastro na Polícia Federal e por imunização junto ao sistema de saúde brasileiro”, informou a Casa Civil em nota após reunião do Comitê Federal de Assistência Emergencial. “Visitamos os abrigos em Boa Vista e Pacaraima para levantar informações sobre as famílias e estamos perguntando para quais estados elas gostariam de ir”, explicou Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Com planejamento, evita-se repetir os mesmos erros cometidos com os haitianos. Em 2015, uma centenas deles foram enviados de ônibus do Acre para São Paulo sem que o município fosse avisado com antecedência e pudesse se preparar para acolhê-los.

Na última sexta-feira (16), o presidente Michel Temer publicou medida provisória decretando estado de emergência social em Roraima, que faz fronteira com a Venezuela. A prefeitura da capital, Boa Vista, informou que mais de 40 000 imigrantes entraram na região, o que equivale a 10% da população do estado. Os abrigos estão lotados e muitos estrangeiros estão vivendo nas ruas. “A acolhida humanitária é uma obrigação do Brasil e Roraima não estava dando conta. Vimos uma omissão do governo federal no início, que não estava assumindo essa responsabilidade. Agora, veio esse decreto, ainda que tarde, mostrando um posicionamento do governo federal com ações mais concretas”, avalia Camila Asano, coordenadora de programas da ONG Conectas Direitos Humanos.

A Venezuela vive uma crise política, econômica e social que tomou força a partir de 2013, quando Nicolás Maduro assumiu a presidência. A população sofre com a falta de alimentos e medicamentos básicos nas prateleiras de supermercados e farmácias. O atendimento de saúde também tornou-se bastante precário, segundo denúncias de ONGs.

“A inflação está crescendo muito na Venezuela e as empresas reduzindo a capacidade produtiva. Há menos produtos no mercado e a tendência é de que os preços subam [a ponto da compra de um simples leite virar artigo de luxo]”, explica Rodrigo Gallo, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. “Essa parcela que está desempregada, sofrendo com os efeitos, se vê numa situação tão difícil que a única saída é buscar ajuda em outros países”.

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