Maioria das aprovações da Câmara são sobre nome de rua, datas e honrarias
Legislativo foi incapaz de impor uma pauta própria nos últimos quatro anos, com projetos que realmente interferissem positivamente na vida do paulistano
O Legislativo paulistano foi incapaz de impor uma pauta própria nos últimos quatro anos, com projetos que realmente interferissem positivamente na vida do morador de São Paulo. De cada dez propostas aprovadas entre 2017 e 2020, oito são relacionadas a nomes de ruas, datas comemorativas e honrarias (como o título de cidadão paulistano).
A constatação ocorre após análise de dados levantados pelo Radar Governamental, consultoria de relações governamentais. É uma Casa que precisa de mais atenção — 59,2% dos entrevistados pelo Instituto Orbis, em parceria com a Vejinha, afirmam não se lembrar para quem deram seu voto no pleito de 2016, e parte deles desconhece a real função dos vereadores.
Procurado para falar da (im)produtividade do Legislativo, o presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), disse que os projetos menos complexos são votados por meio de um sistema digital, criado em 2019. “O plenário virtual ampliou a transparência, agilizou os trâmites e reduziu custos. Com isso, o plenário físico ficou livre para debates e votações dos projetos de maior impacto”, diz Tuma.
Para 2021, com orçamento previsto de 608 milhões de reais (uma queda de 12% na comparação com 2020), espera-se que possa contribuir na retomada pós-pandemia e na solução dos problemas da cidade — para 29,6%, saúde é o principal deles, seguida por segurança, educação, emprego e habitação. “Grande parte da população de São Paulo está de certa forma cansada dos velhos problemas que afligem a cidade e suas vidas. A pesquisa deixa claro que as pessoas esperam soluções rápidas e mais pragmáticas”, afirma Márcio Pereira, diretor de operações e pesquisa do Instituto Orbis.
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712.