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Prefeitura irá remover lixeiras para camisinhas no Ibirapuera

Equipamentos instalados por engenheiro em árvores do parque provocaram polêmica

Por Adriana Farias
Atualizado em 2 jun 2017, 15h18 - Publicado em 2 jun 2017, 14h52
Placa "Quero Dar" causou polêmica: alguns acham que ideia endossa prática do sexo no espaço (Um convite à civilidade/Michel Friedhofer/Veja SP)
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A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que irá remover as duas lixeiras especiais para descarte de camisinhas criadas pelo engenheiro Michel Friedhofer e instaladas por ele em árvores entre os portões 7 e 8 do Parque do Ibirapuera no último fim de semana.

Cansado de ver a cena corriqueira de prática de sexo na área verde e os preservativos sendo jogadas no chão, o frequentador decidiu arregaçar as mangas e projetou as latas pretas e anexou placas com os dizeres “QUERO DAR… um pequeno exemplo de civilidade” e algumas imagens associadas que causaram polêmica.

“As lixeiras foram colocadas à revelia da administração do parque e estão fora do regulamento”, diz a prefeitura. “O engenheiro não pediu autorização para fazer a ação e existem regras a serem cumpridas no Ibirapuera”.

Em uma das placas implantadas mostra um casal heterossexual de um lado e, do outro, um homossexual, com setas apontando para qual das duas lixeiras a camisinha deve ser direcionada. 

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(Um convite à civilidade/Michel Friedhofer/Veja SP)
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Em outra, há a imagem de duas mãos, uma insinuando um órgão sexual masculino pequeno e outro maior e, novamente, as setas levando aos baldes pretos.

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(Um convite à civilidade/Michel Friedhofer/Veja SP)

Por fim, a terceira traz a foto de dois armários, um aberto e, outro, fechado, em alusão aos “enrustidos” e “assumidos”, ou seja, pessoas que contaram ou omitiram suas orientações sexuais. Nas três placas lê-se “Brincadeiras à parte… jogar no chão não vale, né? Pelamor…!”

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(Um convite à civilidade/Michel Friedhofer/Veja SP)

“O problema do sexo nos parques dura décadas e ninguém conseguiu solucionar, mas o das camisinhas achamos que dá para resolver”, diz Friedhofer, fundador do projeto “Um convite à civilidade”. “Só que eu fui por uma fórmula diferente das placas nas quais está escrito ‘Mantenha o parque limpo’. Elas não são mais efetivas, perderam a sensibilidade. Optei por usar outro tipo de linguagem, de layout de videogame, com uma comunicação que, ao se destacar e causar choque, atingisse de fato o público.” 

Questionada pela reportagem sobre qual será a proposta, então, para coibir a prática de sexo e o lixo causado pelas camisinhas no chão, a prefeitura informou que vem realizando uma série de ações no parque, incentivando os jovens a ocupar o espaço de forma segura e saudável, mas deu como exemplo somente ações desenvolvidas para os rolezinhos (eventos marcados via redes sociais que congregam jovens da periferia) e nenhuma em relação ao tema perguntado.

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Área entre os portões 7 e 8 do Parque do Ibirapuera lotada de camisinha (Divulgação/Veja SP)

“Todos os domingos, por exemplo, durante os chamados rolezinhos são realizadas ações envolvendo diversas secretarias em que os jovens passam por uma revista na entrada do parque, inibindo a entrada de bebidas e drogas”, diz. “A Prefeitura Regional tem feito um trabalho com os ambulantes, retirando mercadoria ilegal, em sua maioria bebidas alcoólicas, as secretarias de Cultura e Esporte têm levado atividades para a Marquise, a Saúde colabora com ambulância, e assim por diante”, ressaltou finalizando que a ação “reduziu drasticamente e praticamente zerou casos de abusos sexuais e comas alcoólicos”.

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No dia seguinte uma das lixeiras foi encontrada com camisinhas dentro (Um convite à civilidade/Michel Friedhofer/Veja SP)
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No dia seguinte após a implantação, uma das lixeiras foi destruída; mas a outra foi mantida intacta e proporcionou resultados. “A primeira foi quebrada em questão de minutos, o que mostra que está causando incômodo. A segunda, no entanto, tinha preservativos dentro, o que já é um avanço”, comenta o engenheiro. A reportagem apurou que os frequentadores do Ibirapuera estavam divididos em relação à campanha. Alguns acharam a iniciativa divertida e uma forma de chamar atenção para o problema; outros acreditavam que ela estava servindo mais para endossar o sexo no parque.

No próximo fim de semana, o engenheiro pretendia instalar mais quatro lixeiras, mas com a decisão resolveu recuar. “É uma pena porque tentei achar uma forma de amenizar o problema por um caminho criativo, mas estou aberto a discutir com a prefeitura possíveis alternativas”. O secretário Gilberto Natalini informou que está à disposição para receber o engenheiro.

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