Praça Roosevelt sofre com vandalismo, drogas e sujeira
O espaço, que enfrenta abandono e depredação, tem festas na madrugada e roedores à solta
Encravada no coração da capital, entre as ruas da Consolação e Augusta, e sobre a passagem subterrânea da importante Ligação Leste-Oeste, a Praça Roosevelt é um conjunto urbanístico com 25 000 metros quadrados distribuídos por cinco níveis e um extenso currículo de abandono. Inaugurado em 1970, o espaço viveu anos de degradação, sobretudo a partir da década de 90, até uma ampla reforma, de 55 milhões de reais, alterar esse rumo em 2012. Na ocasião, o lugar ganhou pergolado de madeira, parque infantil, área para cachorros, pista de skate e três quiosques, além de 260 árvores e luminárias novas, em um renascimento celebrado pelos paulistanos.
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Quatro anos depois, no entanto, o local voltou a apresentar problemas. Vários dos equipamentos recém-instalados estão sem condições de uso, depredados e pichados por vândalos. Como se não bastasse a ruína física, os vizinhos abriram guerra contra a baderna protagonizada por alguns dos frequentadores. Nos últimos dois anos, a associação de moradores enviou oitenta reclamações de barulho e de outros incomôdos à subprefeitura da Sé, que é responsável pela área.
De dia, os skatistas são considerados os maiores vilões do pedaço. “Em vez de eles desviarem, os pedestres é que precisam tirar o pé da frente, senão eles passam por cima”, reclama a comerciante Sueli Cirelli, dona de uma pet shop em frente à praça. À noite, as pranchinhas cedem lugar a grupos de jovens que se reúnem para beber até o dia raiar. “É a turma do ‘filho único’ ”, afirma o aposentado Orlando Martins, em alusão ao clássico Trem das Onze, de Adoniran Barbosa, cujos versos costumam ser entoados de forma desafinada e insistente madrugada adentro. “Só temos descanso quando chove”, completa.
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Quando São Pedro não colabora com o sossego, a festa começa por volta das 23 horas e temina após as 6 da manhã. Nos fins de semana, vendedores de pizza informais instalam-se por lá e oferecem os discos nas tradicionais caixas. “Assim que o jantar termina, começa o campeonato de discos voando”, queixa-se a presidente da associação de moradores da Consolação, Marta Regairás.
Ou seja, as embalagens são arremessadas para todos os lados e amanhecem empilhadas pelos canteiros. O resultado óbvio para restos de comida espalhados no chão? Uma infestação de ratos. No sábado passado (12), a reportagem de VEJA SÃO PAULO contou pelo menos uma dúzia de roedores circulando com desenvoltura e abocanhando sobras de comida nos jardins. “Vamos remover de lá os ambulantes”, promete o subprefeito da Sé, Alcides Amazonas, como se o problema fosse recente.
Outro motivo de reclamação é o vandalismo. Os skatistas são acusados de ser os principais depredadores. Apesar de terem uma pista de 1 150 metros quadrados à disposição, muitos usam os bancos de madeira da praça como rampas — vários estão quebrados. “Alguns caras arrancam as lixeiras para que sirvam de obstáculo”, conta o estudante de arquitetura Raí Brito, que pratica o esporte ali há um ano. “Por outro lado, outros até compram massa corrida para consertar o chão quebrado.” Os spots de iluminação do pergolado foram arrancados, o parquinho acabou depenado e o banheiro encontra-se pichado. Dos três quiosques, um teve vidros arrancados e sofreu um incêndio, e outro está depredado.
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Todos esses locais costumam abrigar moradores de rua. A prefeitura diz que as estruturas serão reformadas e transformadas em café e casa de suco. “O restante será arrumado, mas vão quebrá-lo de novo”, lamenta Amazonas. O único quiosque intacto é o da PM. A presença da polícia, no entanto, não inibe o consumo de drogas, que ocorre até mesmo à luz do dia.