Popularidade das capivaras pode auxiliar a preservação da espécie, afirmam especialistas
Em podcast, professor da USP explicou os benefícios do sucesso do animal
A febre da capivara veio com tudo. O roedor ganhou fãs ao redor do mundo e nos últimos tempos tem inspirado comidas, estampas de roupa e outros objetos temáticos.
O sucesso também pode ter impacto importante na preservação e na conscientização ambiental, apontam especialistas.
“As pessoas começaram a tratar esses animais como superestrelas do mundo animal. Nas redes sociais, sempre tem alguma coisa sobre capivaras”, destaca Alexandre Percequillo, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
Antes pouco conhecidas, as capivaras passaram a ocupar parte do nosso cotidiano ao começarem a habitar os rios da cidade de São Paulo, ao longo do Pinheiros e do Tietê, e povoar o interior do Estado de São Paulo. Segundo o especialista, elas aprenderam a conviver nesses ambientes urbanos.
O zoólogo especialista em mamíferos participou do quinto episódio podcast “Histórias da Floresta: E Eu com Isso?”, produzido pelo projeto Corredor Caipira e coordenado pela Esalq, junto com a jornalista Jéssica Lane, membro da equipe de comunicação do Corredor Caipira. O episódio “As capivaras estão com tudo! Mas isso é bom para as florestas?”, apresentado por Rafael Bitencourt, está disponível no Youtube.
Segundo Jéssica, os animais são um prato cheio para a conscientização e preservação do meio ambiente. “Com a popularização das redes sociais, principalmente por meio de vídeos curtos, as pessoas mostram seus cotidianos, e as capivaras fazem parte dele. E isso foi se popularizando e se tornando um símbolo nacional”, afirma a jornalista.
Apesar de fofo, a dupla faz um alerta: é importante evitar o contato com capivaras, já que os animais podem passar carrapato estrela, um dos vetores da febre maculosa.
Febre da capivara: lugares de São Paulo para ver os animais do momento
As capivaras se tornaram febre mundial: elas estampam camisetas, canecas , bichos de pelúcia e até em comidas – como o capistel, sucesso das redes sociais. A nova onda cruzou o oceano e conquistou também o público internacional, com popularização de vídeos dos bichinhos na internet. No Japão, a cafeteria Café Capyba faz uma homenagem aos animais e tem reservas disputadas.
Animais semi-aquáticos, as capivaras moram em regiões de matas ciliares, manguezais, savanas inundáveis, sempre próximas à água. Elas vivem em grupos familiares de 2 a 6 animais ou em bandos de até 20 e podem ser encontradas na América Central e na América do Sul.
Surfando na popularidade, algumas lojas, como a Capivarando, vendem produtos temáticos do roedor. Lá, é possível encontrar bichinhos de pelúcia, camisetas, pijamas, bolsas, meias e muito mais.
Para quem quer ver os maiores roedores do mundo em pele e osso, alguns lugares permitem ver os bichinhos – de longe, já que, apesar de aparência fofa, são animais silvestres e podem trazer doenças graves. Confira alguns lugares para ver capivaras na capital paulista:
Onde ver capivaras em São Paulo:
Rio Pinheiros
Segundo o Projeto Capa, são cerca de 120 capivaras espalhadas nas margens do Rio Pinheiros. Na raia olímpica da Cidade Universitária, no Butantã, paralela ao rio, é comum ver os animais descansando.
Zoo de São Paulo
O zoológico é lar do Miguel, filhote de capivara que chegou no fim de 2024. Ele divide recinto com a anta e é um dos sucessos do Zoo.
Avenida Miguel Stéfano, 4241, Água Funda, 5073-0811. Seg. a sex., 9h às 17h. Sáb. e dom., 9h a 18h.
Parque Anhanguera
O parque em Perus, na zona noroeste da cidade, tem fauna rica, com 382 espécies identificadas. Lá, além de capivaras, é possível encontrar falcões, sapos, serpentes, cágados, lagartos, furões, quatis, veados, tatus, jaguatirica e suçuarana.
Estrada de Perus, altura n° 1.000 (km 25 da Rodovia Anhanguera). 3916-2406. Todos os dias, 6h/18h.
Parque Ecológico do Tietê
Localizado na várzea do Rio Tietê, o parque é ideal para quem quer explorar a fauna paulistana. Há uma grande profusão de quatis, além de anu-pretos, biguás, gavião carcarás, chupins, sabiá-pocas, irerês, abelhas, borboletas brancas, teiús e, claro, capivaras. O espaço também oferece passeios de trenzinho, pedalinho e triciclos.
Rua Gira Acangatara,70, Cangaíba. 2823-2250. Todos os dias, 6h/17h.
Represa Guarapinga
A Represa, que tem uma área de 26km2 é outro bom lugar para ver os bichinhos, que descansam nas margens.
Cuidados essenciais
No geral a convivência com as capivaras é tranquila, mas é sempre bom tomar algumas precauções. A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Lina de Campos Binder faz algumas recomendações para garantir a saúde e segurança
1.Passear com cachorros sempre com guia
O controle de cães é fundamental, já que há relatos de brigas entre cachorros e capivaras.
2. Cobrir o corpo ao frequentar áreas usadas por capivaras
Os espaços onde os animais descansam, gramados próximos a lagoas, vegetação ao longo das margens dos rios, podem estar intensamente infestados por carrapatos. Por isso, recomenda-se o uso de sapato fechado, calça e camisa de manga comprida, para reduzir a exposição a esses artrópodes.
Os carrapatos também podem ser transmissores de febre maculosa brasileira, uma doença grave quando não tratada adequadamente. “Nas áreas onde esta doença ocorre, é recomendado que as pessoas não circulem nos lugares frequentados por capivaras para evitar o contato com carrapatos”, explica a pesquisadora. Caso seja necessário frequentar a área, recomenda-se roupas que protejam o corpo e diminuam a possibilidade de picadas.
Se a pessoa apresentar algum sintoma, como febre acompanhada de dor no corpo ou manchas avermelhadas na pele, é importante buscar o serviço de saúde e informar ao profissional que ela esteve em uma área com presença de capivaras.