Polícia prende suspeito de envolvimento na morte da jovem Vitória
Equipes encontraram o local onde a jovem foi levada antes do crime e a perícia foi realizada

A Polícia Civil de Cajamar, na Grande São Paulo, prendeu um suspeito de envolvimento na morte da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos. A detenção ocorreu no sábado (8), após o pedido de prisão temporária ter sido acatado pela Justiça, de acordo com a SSP-SP (Secretaria de Estado da Segurança de São Paulo).
Ainda durante os trabalhos de campo, as equipes encontraram o local onde a jovem foi levada antes do crime e a perícia foi acionada. Foram achados objetos da vítima, assim como fios de cabelo, que foram encaminhados para análise de DNA.
A Polícia Civil de Cajamar continuar a realizar diligências para identificar e prender outros envolvidos.
A jovem desapareceu no dia 26 de fevereiro, em Cajamar, enquanto voltava para casa do trabalho. Seu corpo foi encontrado em um matagal uma semana depois, com a ajuda de cães farejadores. Ela estava sem roupas, com ferimentos e com afundamento na cabeça e cabelo rapado. O pescoço estava profundamente cortado, próximo a uma decapitação.
Na quinta (6), o delegado Seccional de Franco da Rocha, Aldo Galiano Junior, responsável pelo caso, deu uma entrevista coletiva. Veja o que se sabe do caso.
Circunstâncias do crime
Vitória trabalhava em um restaurante dentro de um shopping de Cajamar e utilizava dois ônibus para voltar para casa. No dia do desaparecimento, ela agiu de maneira estranha ao encontrar uma amiga no ponto, sendo ríspida. Durante a viagem, trocou mensagens com outra amiga, relatando que duas pessoas estranhas estavam no ônibus e a seguiam. Quando uma dessas pessoas desceu, Vitória avisou que o perigo havia passado. O outro homem permaneceu no ônibus até o ponto final, onde Vitória desceu e seguiu para casa, passando por uma estrada de terra bem escura, segundo o delegado.
“Nossa tese é de que ela saiu do shopping, foi pegar o ônibus, a partir daí foi seguida. O homem que ficou no ônibus estava com celular e poderia ter informado o ponto onde ela desceu”, afirmou Galiano.
O corpo foi encontrado em estado de decomposição, indicando uma morte há 4 ou 5 dias. Ela estava desaparecida há 7, e, pelas antenas, a polícia localizou que seu celular esteve em um local longe da cena do crime e da deposição do corpo, o que levanta a hipótese de que ela tenha sido mantida em cativeiro. Outro indício é que a aorta foi seccionada, o que provocaria muito mais sangue do que a quantidade encontrada no local, indicando que o crime foi executado fora do local de desova.
O delegado entende que, devido à crueldade do crime, com certeza foi movido por vingança. “Não acredito que tenha sido um crime passional”, completa, “houve todo um transporte de corpo, uma movimentação Isso é uma coisa planejada. Então, a gente pode ser uma vingança com ou sem facção criminosa”.
Investigados
Por enquanto são sete principais investigados: um homem de 26 anos com quem vitória teve um relacionamento desaprovado pela família que durou quatro meses e acabou cerca de um mês antes do desaparecimento; um amigo de infância com quem ela se relacionava periodicamente, os dois homens que a seguiram dentro do ônibus e dois homens que a assediaram na rua e depois entraram na favela. Segundo Galiano, um deles tem antecedentes criminais. O delegado não especificou qual. “O primeiro passo para achar um suspeito é estabelecer se essas pessoas tinham uma ligação”, pontuou.
Há, ainda, um outro investigado, que é o titular do carro encontrado nos arredores do crime. O veículo era usado por um suspeito amigo do titular. O homem, que morava próximo à casa de Vitória, desapareceu no início das investigações e não prestou depoimento à polícia.
Envolvimento do PCC
Vitória foi encontrada com o cabelo raspado e isso levantou alertas sobre a participação da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no caso. “Raspar o cabelo é característico, usado para mandar um recado. Fazem isso quando a pessoa traiu alguém do PCC”, explicou Galiano. Outra evidência é que um integrante da organização foi preso há 4 meses na região, o que indica a presença de célula do PCC na área do crime.
“A crueldade foi tanta que a pessoa precisa ter um estômago para fazer aquilo, uma pessoa normal, não teria estômago para fazer o que fizeram”, compartilhou Galiano. “Mas nada ainda que vincule PCC no crime, são teses que estamos levantando”.
Contradições no relato de ex-namorado
A polícia solicitou a prisão temporária do ex-namorado por volta das 19h de quarta (6), mas o pedido foi indeferido pelo juiz, e Gustavo não foi detido. Ele se apresentou espontaneamente à delegacia, alegando estar se sentindo coagido e inseguro. Ele segue na delegacia.
O delegado responsável pelo caso apontou contradições no depoimento do jovem. Ele afirmou estar com uma jovem de 17 anos no momento do desaparecimento de Vitória, entre 00h15 e 00h30. No entanto, às 00h35, o carro dele foi visto próximo ao local do crime. O veículo está sendo periciado. O ex alega que o emprestou a um amigo. No carro, foi encontrado um fio de cabelo, que está sob análise.
Momentos antes do crime, Vitória enviou uma mensagem para o ex-namorado pedindo carona do ponto final até sua casa, pois estava com medo. Ele afirmou à polícia que só viu a mensagem às 4h da manhã, pois estava impossibilitado de usar o celular, por estar com outra menina. No entanto, antes desse horário, o pai de Vitória já havia enviado mensagens perguntando sobre o paradeiro da filha, e ele abriu essas mensagens antes das 4h.
“Ainda trato ele como investigado, não suspeito. Mas com certeza ele sabia de alguma coisa, porque caiu em contradição”, disse Galiano.
O relacionamento de Vitória com o jovem era amplamente criticado pela família. O pai da jovem chegou a abordar o então namorado pedindo que se afastasse, porque, segundo o pai, ele era um mau elemento e se envolvia com marginais.
Relação com a família
O relacionamento de Vitória com a família estava conturbado. A jovem ia sair de casa para morar com a irmã, mais perto do trabalho, o que gerou brigas.