Marcenaria alternativa: pequenos ateliês ganham espaço na cidade
Eles oferecem peças assinadas a preços mais em conta que os das grandes grifes desse mercado
Em 2015, as paulistas Fernanda Sanino, de 32 anos, e Letícia Piagentini, de 33, decidiram abrir um ateliê de marcenaria em Santo André, o Lumberjills (lenhadoras, em inglês). No começo, recebiam cinco encomendas por mês. Hoje, são trinta. O faturamento dobrou no período, chegando à marca de 300 000 reais em 2016.
As duas fazem parte de uma nova leva de marceneiros, boa parte deles artistas plásticos, designers e arquitetos, que produzem peças com design moderno utilizando material sustentável (madeiras de demolição ou de reflorestamento, entre outras coisas). Eles divulgam seus trabalhos pelo Facebook e Instagram e recebem pedidos pela internet.
Os preços são um pouco acima dos de lojas de rede, mas bem mais baixos que os de grifes como Cremme e Carlos Motta, que cobram entre 14 000 e 40 000 reais por uma mesa de jantar. Nos ateliês “alternativos”, um móvel do tipo sai, em média, por 3 000 reais.
Pelo menos outros nove estúdios do gênero foram abertos na última década na capital. O Flecha, tocado por seis sócios, faz parte do grupo. Eles criaram o negócio em 2014 em Camburi, São Sebastião, mas passaram a receber tantos pedidos de São Paulo que acabaram lançando uma filial na Vila Madalena há dois meses.
Só em novembro, faturaram 150 000 reais graças à produção de móveis para lojas da Melissa e da Ipanema e do revestimento da cervejaria Goose Island BrewHouse, no Largo da Batata. Os meses de menor movimento costumam render 45 000 reais.
Outros nomes que começam a se destacar na área são o designer Rodrigo Silveira, do site O Rodrigo que Fez, o arquiteto Eric Ennser e o designer gráfico Max Tango. “Uma das grandes vantagens é participar de todo o processo e receber móveis exclusivos sem estourar o orçamento”, elogia a produtora de TV Thatyana Bensoussan, 29, cliente da Lumberjills.
ERIC ENNSER (eric.ennser.com)
Suporte para coador de café com lâmina de madeira para apoiar o filtro (R$ 205,00) e trava-porta de peroba-rosa e couro (R$ 45,00).
MAX TANGO (maxtango.com.br)
Banco feito de madeira pínus sem o uso de parafusos (R$ 400,00) e robôs infantis produzidos com sobras de madeira maciça (R$ 99,00 a unidade).
LUMBERJILLS (lumberjills.com.br)
Aparador de compensado naval (R$ 3 200,00) e banco do cerne da árvore teca, com pés de ferro (R$ 590,00).
ESTÚDIO FLECHA (estudioflecha.com)
Arara feita de madeira de demolição (R$ 1 600,00), remos do artesão Otoniel Jesus (a partir de R$ 500,00 a unidade) e banco com tampo de mogno africano (R$ 1 750,00).
O RODRIGO QUE FEZ (www.orodrigoquefez.com.br)
Mesa de madeira tauari (R$ 7 000,00, sem o vidro), banco maciço de ipê e tauari (R$ 1 150,00) e cadeira inspirada em Lina Bo Bardi, de tauari (R$ 1 200,00).