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Após expulsar casal gay, paleteria se desculpa e organiza ‘dia do amor’

Raul Perez e Gabriel Miranda denunciaram o crime no Centro de Combate à Homofobia; sorveteria marcou ato para o próximo sábado (14)

Por Veja São Paulo
Atualizado em 5 dez 2016, 12h43 - Publicado em 10 mar 2015, 14h26
Me Gusta
Me Gusta (Reprodução/Facebook/)
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Na tarde do último domingo (8), o jornalista Raul Perez e seu namorado, o designer gráfico Gabriel Miranda, foram expulsos de uma paleteria na Rua Augusta após, segundo eles, um casal heterossexual se queixar de que ali era um “ambiente familiar”.

De acordo com Raul, um funcionário da Me Gusta Picolés Artesanais os abordou e disse que eles deveriam respeitar o local e que deveriam deixar o lugar. O jornalista levou o caso para o Centro de Combate à Homofobia. Em sua denúncia, diz que seu comportamento e o o de seu namorado não era diferente de outros casais que estavam na sorveteria. “Fizemos o pedido, pagamos o sorvete e fomos nos sentar em um dos bancos do pátio. Estávamos um ao lado do outro, de mãos dadas, conversando e nos beijando eventualmente”, relatam.

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Raul relatou o episódio em seu perfil no Facebook ainda no domingo. Nesta segunda-feira (9), a sorveteria publicou nota em sua página oficial na rede social pedindo desculpas ao casal.

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“Queremos nos retratar publicamente com o casal. Por eles terem passado pela degradante situação de se sentirem errados, quando não fizeram nada mais que demonstrar o sentimento que sentem um pelo outro”, informou o texto. “A culpa não é exclusiva do funcionário. Não é também só do outro casal que se sentiu incomodado. A culpa é da Me Gusta.”

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Luiz Deutsch, responsável pela comunicação da marca, lamentou o ocorrido e informou funcionário foi desligado da equipe. “O Raul e seu namorado foram ofendidos no direito básico de estar ali.” Além do pedido de desculpas, a sorveteria marcou para o próximo sábado (14) um “dia do amor”. “Vamos decorar nossa loja e chamar todos os casais que conhecemos, independente da orientação sexual e organizar uma data especial”, disse.

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Para Raul, o importante não é a prisão ou a demissão de ninguém, mas, sim, o diálogo sobre o espaço social que estamos criando. “Nosso caso foi só um episódio entre muitos que acontecem diariamente. Hoje vi que faleceu o menino que apanhou na escola por ter pais gays. É um problema muito maior do que o nosso. Alguém morreu em função do ódio que só existe por causa da ignorância em relação ao assunto. O caso acabou, mas a luta pelos direitos, para que não aconteça mais o que aconteceu ao Peterson, essa é até o fim da vida”, afirma.

Confira abaixo a nota da Me Gusta Picolés Artesanais:

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“Este é um pedido oficial de desculpas. A todos aqueles que acreditam que o amor é que nem sorvete: tem de todos os tipos, todos os gostos e de todas as cores.

Ontem a intolerância falou mais alto na nossa lojinha tão amorosa e querida. Infelizmente. Um cliente e seu namorado foram expulsos de nosso estabelecimento devido a atitude isolada e sem autorização superior de um de nossos funcionários que havia recebido uma reclamação de outro casal, dizendo que os dois meninos estavam “desrespeitando o ambiente familiar da loja”.

Não há outra ação esperada da Me Gusta senão um pedido de perdão. Estamos profundamente tristes e perplexos com o ocorrido. Queremos nos retratar publicamente com o casal. Por eles terem passado pela degradante situação de se sentirem errados, quando não fizeram nada mais que demonstrar o sentimento que sentem um pelo outro. Sentimento lindo esse, diga-se de passagem.

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A culpa não é exclusiva do funcionário. Não é também só do outro casal que se sentiu incomodado. A culpa é da Me Gusta. Trabalhamos com pessoas. Não só com picolés! Devemos saber da conduta das pessoas que empregamos em nosso estabelecimento. Devemos orientar e situar nossos funcionários no século XXI. Devemos investir em debate e treinamento pessoal para que essa situação nunca chegue a existir.

Devemos focar nossa comunicação na tolerância e falar abertamente de amor ao próximo e humanidade. Nos gabamos de não termos robôs em nosso trabalho 100% artesanal. Mas, não podemos nos orgulhar disso quando casos desse tipo acontecem. Por isso, reforçamos aqui o compromisso: a empresa Me Gusta Picolés Artesanais não vai deixar mais isso acontecer. Podem confiar! Nossa política sempre foi em prol da diversidade da compaixão e do respeito.

A discriminação é um crime e um problema social muito grave. Abraçamos aqui e agora a missão de combater isso! Gostaríamos de dizer que estamos atrás de uma resolução. Já tomamos as medidas contratuais cabíveis e contactamos os meninos para que pudéssemos expressar nossa solidariedade e nossa vontade absoluta de superar o ocorrido. Por fim, pedimos desculpas a TODOS os clientes da Me Gusta. Vocês, que sempre foram bem tratados nesse ambiente que é mais que um negócio para gente… É nossa segunda casa.

Consideramos justa TODA forma de amor. Consideramos como família, QUALQUER tipo de família. Aqui tem espaço para o mundo todo! Não vamos deixar que uma expressão tão covarde, violenta e nojenta como a homofobia fale mais alto que o “hmmm” que as pessoas falam depois de tomar nossos sorvetes. Obrigado pela atenção!”

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