Ivan Reis, nerd de profissão
Muito antes de saber ler, o quadrinista já curtia HQs e super-heróis. Hoje ele ganha dinheiro desenhando personagens da DC Comics
Aquaman, Lanterna Verde, Superman e Gavião Negro. Ivan Reis, 35 anos, conhece todos intimamente e sabe os seus segredos, poderes e fraquezas. Foi ele quem criou um novo visual e traços físicos aos super-heróis em diferentes momentos do combate contra o mal. Munido de seu lápis grafite 2B e de uma folha em branco, o quadrinista da DC Comics deu vida a estes e mais de vinte personagens de editoras diferentes. Tão íntimo assim deste universo, o paulistano se considera um sortudo: “Transformei minha paixão em trabalho”.
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“Nerd desde sempre”, como ele mesmo se define, Reis nem se recorda de quando começou o interesse por revistinhas, filmes, séries japonesas e games. “Meu pai sempre comprava HQs para mim. Acho que minha primeira foi do Conan”, conta o artista, que não sabe dizer quantas publicações tem atualmente em seu casa. Naquela época, Reis não sabia ler, mas se divertia vendo os traços impressos no papel e arriscando alguns. “Minha mãe guardou meu primeiro desenho. Tinha três anos quando fiz o Homem-Aranha e o Superman.”
Renomado quadrinista — ele já recebeu três prêmios pela revista norte-americana “Wizard”—, o paulistano hoje residente em São Bernardo do Campo desenha do Brasil para a editora norte-americana DC Comics desde 2004. A “brincadeira”, no entanto, começou muito antes. Com 14 anos, foi trabalhar na Bloch Editores. “Fazia parte da equipe de ilustradores da série ‘Histórias Reais de Drácula’.” Aos 19 anos, conheceu a agência Art & Comics, sua porta de entrada para o mercado dos EUA. “Por intermédio da agência, pude entrar em contato com a editora Dark Horse e desenhei a HQ ‘Ghost’”, lembra.
Depois disso, o artista se infiltrou cada vez mais neste meio. O resultado? “Antes, eu ia atrás de revistinhas, action figures e outros itens para minha coleção. Hoje, recebo por mês caixas cheias de HQs, bonecos e tudo o que você possa imaginar.” Não que ele esteja se queixando dos presentinhos, mas, para todo bom nerd, parte da diversão está em caçar artigos raros, vasculhar sites e lojas e garimpar peças para a coleção. “Uma vez entrei em uma loja de marca e ofereci mais dinheiro por uma revista do Wolverine que decorava a vitrine do que valia a bermuda que vestia o manequim. Infelizmente, o quadrinho fazia parte da coleção do dono do lugar”, lamenta.
Se a quantidade de “quinquilharias” aumentou, o número de contatos também. “Antes da internet, você se sentia um pouco único. Parecia que era de outro planeta e que só você gostava de algumas coisas.” Agora, Reis conhece e convive com muitos “iguais”, discutindo desde tramas de HQ até séries japonesas como “Ultraseven”. Por causa disso, ele pode cultivar alguns “hábitos nerds”, como o de assistir mais de uma vez a um filme no cimena — “Transformers”, valeu quatro sessões. “Mas vou bater este recorde fácil com ‘Os Vingadores’. O truque é ir uma vez com a mulher, outra com o pai, outra com um amigo…”