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Prometido para ser entregue em 2014, Hospital Cotoxó atrasa mais uma vez

Obras de unidade na Pompeia devem ser concluídas em 2022; previsão é de custo 22% maior que a previsão inicial

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 Maio 2021, 06h00
vista aérea das obras do complexo hospitalar cotoxó
Obras inacabadas: novo prazo (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Oito anos e três governadores depois do início das obras, o Complexo Hospitalar Cotoxó, na Pompeia, que deveria ter ficado pronto em 2014, é um esqueleto pintado de laranja e cercado de todos os lados por muros azuis de alumínio. O prédio, com 23 000 metros quadrados e cinco andares, vai receber 200 leitos que serão geridos pelo Hospital das Clínicas. O espaço será dividido em três blocos: um para tratamento de doenças relacionadas ao uso de álcool e drogas, outro para assistência a pacientes agudos não críticos, como infartados, além de abrigar cursos de ensino médico de graduação e pós-graduação. O terceiro pavimento será um centro de tecnologia e inovação. O novo prazo de conclusão é o primeiro semestre de 2022, ano da terceira Copa do Mundo subsequente à do prazo de entrega inicial.

imagem da fachada da antiga construção do complexo hospitalar cotoxó
Antiga construção do Complexo Hospitalar Cotoxó (Reprodução/Google/Veja SP)

Além da dilatação do tempo para a entrega do prédio, outro aumento vai impactar as obras, o do preço. Orçada inicialmente em 63,4 milhões de reais, a construção, bancada pela Secretaria Estadual da Saúde, vai sair 22% mais cara e chegará às cifras de 77 milhões de reais.

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Os sucessivos e rotineiros descumprimentos de prazos da unidade chamaram a atenção de pelo menos dois deputados estaduais nas últimas semanas. Arthur do Val (Patriota) e Ricardo Mellão (Novo) estiveram nas obras recentemente e cobraram oficialmente o cumprimento das promessas. “O atraso demonstra não apenas a ineficiência do Executivo, mas também prejudica a população das imediações, que teve de percorrer outros locais longínquos para receber atendimento”, afirma Mellão.

“A gente enfia dinheiro do contribuinte, mas a obra não sai. Essa obra era para estar pronta anos atrás. Aprovei um projeto que prevê a obrigatoriedade de um seguro privado para garantir que saia no preço, no prazo e na qualidade contratados, mas o governador vetou”, queixa-se Do Val, conhecido também como Mamãe Falei. “Isso é uma palhaçada. (O governo) faz uma obra, gasta uma tonelada de dinheiro, não entrega e gasta o dobro, triplo do que foi previsto.” Em nota, a Secretaria da Saúde afirma que o Hospital Auxiliar de Cotoxó (HAC) se encontra em estágio avançado de construção e justifica os sucessivos descumprimentos de prazos por “providências técnicas” e pelo impacto da pandemia.

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Enquanto o hospital não fica pronto, moradores e comerciantes do pedaço relatam ansiedade para ver a tão esperada conclusão dos trabalhos. “Eu me lembro bem do lugar antigo. Era uma construção pequena, mas com um muro enorme. Quase não se via a parte interna”, recorda Antonio Bastos, 68, dono de um restaurante na frente. “O espaço, desde que foi construído (em 1971), passou por algumas fases. Primeiro, abrigou pacientes em recuperação do Hospital das Clínicas. Depois, recebeu enfermos terminais. Vejo um pessoal trabalhando, a gente escuta barulho, mas a obra não fica pronta nunca. Uma pena.”

A obra

Custo inicial: 63,4 milhões de reais
Custo com aditivos: 77,4 milhões de reais
Início das obras: março de 2013
Entrega inicial prevista: junho de 2014
Novo prazo: primeiro semestre de 2022

Colaborou Vinicius Tamamoto.

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Publicado em VEJA São Paulo de 19 de maio de 2021, edição nº 2738

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