Prefeitura muda projeto para a raia olímpica da USP
Em vez de retirar o muro que dividia a área verde e a Marginal Pinheiros, ideia que rendeu reclamações, gestão Doria instalará proteção de vidros
Em maio, a Prefeitura de São Paulo propôs uma iniciativa bem intencionada: retirar os muros de concreto que separam a raia olímpica da USP e a Marginal Pinheiros. Assim, quem passasse por lá poderia apreciar a paisagem do local usado para a prática de esportes como o remo. Os frequentadores do espaço, entretanto, reclamaram que a mudança traria mais poluição e barulho à área verde.
O órgão levou os pedidos em consideração e deve apresentar na quarta (19) um novo projeto. A partir de setembro, a gestão Doria pretende começar uma obra que substituirá os 2,2 quilômetros de concreto por uma parede de vidro. Haverá também troca da iluminação e plantio de árvores nativas da flora brasileira.
“Quem passa pela Marginal muitas vezes vê aquele paredão e não se dá conta de que há muita natureza escondida ali. Agora, poderá ver uma belíssima vitrine”, diz o secretário municipal de Obras, Marcos Penido. Ele dá um prazo até janeiro para o término das alterações.
O novo painel terá uma base de concreto de 1 metro de altura e uma parede transparente de mais 3,1 metros. O vidro temperado exibirá 10 milímetros de espessura e trará a proteção de uma película antirreflexo, que deixará a estrutura cinco vezes mais resistente do que o para-brisa de um carro. De acordo com Penido, o nível do ruído que chegará à parte interna da raia será o mesmo verificado atualmente com o muro de concreto.
O projeto foi doado pela arquiteta Jóia Bergamo e a obra será integralmente custeada pela iniciativa privada. “A ideia é humanizar a região e tornar a vida das pessoas mais alegre, mais verde. Será um legado para a cidade”, afirma Jóia.
Os valores, inicialmente estimados em 2 milhões de reais, serão revistos e agora poderão passar dos 10 milhões. Entre as empresas que participarão do processo, aparecem Prevent Senior, Falcão Bauer, Guardian, Tempermax e Votorantim.
O projeto inicial
No início, a ideia da administração paulistana era instalar um gradil eletrofundido, que aumentaria a visibilidade para quem trafega pela via expressa, mas deixaria o lugar exposto à fumaça e à poluição sonora.
Em maio, a pedido de VEJA SÃO PAULO, a empresa Instrutherm atestou o quanto a barreira ajuda na contenção do barulho. Com um decibelímetro na mão, o engenheiro Cristiano Molica realizou medições dentro e fora do espaço. Enquanto à margem das águas da raia foram registrados 65 decibéis, o aparelho apontou 20 decibéis a mais na Marginal. “O muro ajuda a conter o barulho”, afirmou Molica.
Outra preocupação dos frequentadores do local – são mais de 1 000 remadores divididos em seis clubes náuticos -, a fauna local não deverá sofrer grande impacto durante os trabalhos. “O pessoal reclamou que capivaras iriam fugir, mas a obra será feita em etapas. Quebrou uma parte do muro, entra o vidro logo depois. Nenhum desses animais vai escapar”, afirma Marcos Penido.
Além dos mamíferos, vivem por lá patos, garças e andorinhas, que buscam nas águas limpas os peixes que habitam o local.