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Metanol: prisões por venda irregular de bebidas chegam a 51 em SP

Procon fiscaliza mil empresas em todo o estado

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 out 2025, 16h11
metanol-sp
Ação de fiscalização em São Caetano no fim de semana (Pablo Jacob/ Governo de SP/Divulgação)
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O estado de São Paulo já registrou 51 prisões por venda irregular ou adulteração de bebidas alcoólicas neste ano. São 30 desde o dia 29 de setembro, quando as ações foram intensificadas para investigar os casos de intoxicação por metanol, segundo o governo do estado.

O último balanço da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) desta sexta-feira (10) informa que o total de casos descartados por intoxicação por metanol, após análises clínicas e epidemiológicas, subiu para 189. Ao todo, o estado contabiliza 25 casos confirmados e 160 em investigação.

Procon fiscaliza mais de mil estabelecimentos

Mais de 400 agentes do Procon-SP e de Procons municipais de 92 cidades, além da capital, participaram na noite de sexta-feira (10) da operação #DeOlhoNoCopo, voltada à orientação e fiscalização de bares e restaurantes em todo o Estado de São Paulo.

Ao todo, mais de mil estabelecimentos foram impactados pela iniciativa. Durante a ação, os agentes verificaram o cumprimento das regras do Código de Defesa do Consumidor, com foco na procedência e regularidade das bebidas comercializadas, e orientaram o público sobre os riscos da contaminação. A operação percorreu todas as regiões do estado.

O que é o metanol?

O metanol é um álcool utilizado como adulterante de combustível de automóvel e de bebidas alcoólicas, por fábricas clandestinas e falta de controle rigoroso na fabricação. Também é encontrado em fluido limpador de para-brisas e é matéria-prima para a fabricação de biodiesel.

Embora o metanol em si não seja tóxico, a toxicidade surge da metabolização no corpo, que forma metabólitos tóxicos para o organismo, especialmente para o sistema nervoso central.

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Quando o metanol é ingerido, ele é metabolizado por uma enzima chamada álcool desidrogenase e vira um formaldeído. Posteriormente, é transformado em ácido fórmico por outra enzima chamada aldeído desidrogenase. Os produtos dessa transformação são responsáveis pelas alterações gastrointestinais, neurológicas e pelo depósito direto do álcool no aparelho ocular.

Uma dose letal pode variar de 30 a 240 ml.

Sintomas de intoxicação por metanol

As manifestações clínicas da intoxicação por metanol começam a acontecer de 12 a 24 horas após a ingestão da substância e incluem:

  • alterações de comportamento;
  • sonolência;
  • incoordenação;
  • dor abdominal;
  • enjoo;
  • vômito;
  • dor de cabeça;
  • alterações visuais, como visão dupla, turvação visual, redução da acuidade visual e até cegueira;
  • em alguns casos, alterações hemodinâmicas, como queda da pressão arterial e aumento dos batimentos cardíacos.
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Diagnóstico de intoxicação por metanol

O diagnóstico começa com a avaliação epidemiológica e a história de exposição. “Não é comum uma pessoa jovem, previamente saudável, desenvolver subitamente esses sintomas. Quando a gente começou a ter um aumento de casos, foram justamente em pessoas sem qualquer fator de risco ou qualquer outro agravo que justificasse”, analisa o médico emergencista, Felipe Liger, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “De certa forma, a gente acaba atuando um pouco como detetive.”

Em paralelo, outras causas são excluídas. A dosagem de metanol no sangue e a gasometria arterial são realizadas para confirmar a intoxicação. “A intoxicação por metanol é uma das grandes causas de alteração no pH do sangue, que pode ser avaliada por gasometria arterial.”

A equipe médica é alertada para avaliar obrigatoriamente a possibilidade de intoxicação por metanol em pacientes com idade compatível, história epidemiológica compatível de exposição e manifestações gastrointestinais ou neurológicas e visuais.

Tratamento de intoxicação por metanol

O tratamento envolve primeiramente o suporte orgânico, que inclui manter o paciente respirando e o coração funcionando adequadamente. O processo para reverter a toxicidade do metanol consiste em saturar a enzima que metaboliza o metanol em metabólitos tóxicos. Para isso, o antídoto disponível no Brasil é o próprio etanol, que satura a enzima álcool desidrogenase e diminui a formação dos metabólitos tóxicos do metanol.

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“A dose tem relação direta com a gravidade dos sintomas”, afirma Liger. “Outro fator é o diagnóstico e tratamento precoce. Como é uma substância rapidamente absorvida e os sintomas podem começar com enjoo e dor abdominal, postergar a ida ao pronto-socorro gera uma cascata de eventos.”

As alterações visuais podem ser leves e transitórias, mas em casos graves chega a cegueira permanente, uma vez que os metabólitos tóxicos gerados pelo metanol no organismo ocasionam lesões no nervo óptico (“nosso segundo par craniano responsável por transmitir informações ao córtex visual”).

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