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Mario Travaglini, o democrata do Corinthians

Técnico aproveitou fim do regime militar para implantar a democracia no Timão; na época dele, todo mundo tinha direito a voto

Por Mauricio Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 18h49 - Publicado em 3 Maio 2010, 20h45

Nascimento: São Paulo-SP, em 30/4/1932

Período: em 1981/82 e 1985

Títulos pelo Corinthians: Campeão Paulista de 1982

Quando Mario Travaglini começou a dirigir o Corinthians, o Brasil vivia a época da abertura política e da campanha pela volta do voto direto. Encontrou na Fazendinha um grupo de jogadores “responsáveis e que sabiam o que queriam”. Juntou uma coisa a outra e ali se formou a chamada Democracia Corintiana, momento inédito no futebol brasileiro em que jogadores, dirigentes e comissão técnica tomavam decisões em conjunto, baseadas no voto. Travaglini ainda voltaria ao clube em 1985.

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Depoimento:

“Eu assumi o Corinthians numa época importante da história do Brasil. Sempre tive autoridade, mas jamais fui um autoritário. Não tinha aquela volúpia de impor as coisas. Eu preferia conversar com as pessoas. Como a gente vivia naquela época da campanha pelas Diretas, se estabeleceu essa democracia, onde todos eram responsáveis pelas decisões. Pois só pode viver num lugar democrático quem tem responsabilidade. E isso é o que não faltava no Corinthians naquele período. Do presidente Waldemar Pires ao roupeiro, todos eram pessoas esclarecidas e, acima de tudo, profissionais inteligentes. Então se estabeleceu um ambiente livre, leve e, no meu modo de ver, talvez uma das melhores equipes do Corinthians de todos os tempos. A liberdade fora de campo era refletida dentro, pois o time fluía com uma leveza e uma liberdade que eram respaldadas pela filosofia do time. Muita gente confundia liberdade com bagunça, e não era verdade. O time trabalhava muito e todos sabiam o que precisavam fazer. Como o país vivia o fim de um regime e existia a pressão popular pelo voto direto, pelo elenco que eu comandava, eu me senti muito à vontade para deixar o grupo opinar sobre todas as decisões. Como era Corinthians, a repercussão foi enorme e o time ajudou, talvez, a restabelecer a democracia no país. Mas também não adiantaria nada se não viessem os resultados. E o time foi campeão paulista e semifinalista do Campeonato Brasileiro naquele ano. Ganhava a democracia, mas o time tinha que ganhar também.”

 

+ Confira todas as matérias do especial ‘Corinthians: Uma Paixão que se Renova’

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