Alunos do Mackenzie protestam contra chanceler crítico da Lei da Homofobia
Carta publicada na internet por Augustus Nicodemus irritou estudantes e ganhou as páginas das redes sociais
![Mackenzie - estudantes - homofobia_2193](https://gutenberg.vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/7588_protesto015-0.jpeg?quality=70&strip=info&w=380&h=490&crop=1)
A Rua Maria Antônia, que ficou conhecida por sediar confrontos do movimento estudantil durante o regime militar, voltou a ser palco de uma manifestação. Foi na esquina com a Rua Itambé que cerca de 500 pessoas, segundo a CET, protestaram, na última quarta, contra uma carta publicada na internet pelo chanceler do Mackenzie, Augustus Nicodemus, representante do Instituto Presbiteriano na universidade. O documento critica o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia. Ao citar o “Manifesto Presbiteriano contra a Lei da Homofobia”, produzido em 2007, Nicodemus afirma que o direito de livre expressão, garantido pela Constituição, será tolhido caso a norma seja aprovada.
O texto irritou alunos e ganhou as páginas das redes sociais. Estudantes marcaram data e horário do protesto pelo Facebook. Havia militantes do movimento gay, drag queens e alunos de outras universidades. Com carro de som, bandeiras com arco-íris e bexigas brancas, eles entoaram gritos como “Contra a homofobia, a luta é todo o dia” e discursaram por duas horas. “Nós repudiamos a imposição de valores religiosos dentro de um espaço universitário”, disse o estudante de arquitetura Leonardo Nones. “Tomamos essa atitude porque nos sentimos ofendidos.”
![Mackenzie - padre Arthur Cavalcante - homofobia_2193](https://gutenberg.vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/protesto017-0.jpeg?quality=70&strip=info&w=650)
O coordenador de políticas de diversidade sexual da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, Dimitri Sales, também esteve lá e discursou a favor da manifestação: “Não podemos nos intimidar”. Ao se apresentar ao microfone, o padre anglicano Arthur Cavalcante, da Paróquia de Santa Cecília, recebeu vaias. “Vim aqui para dizer que a religião não pode ser usada como um instrumento de repressão”, afirmou. Saiu sob aplausos. Depois da reunião em frente ao Mackenzie, algumas pessoas caminharam até a Avenida Paulista, onde três jovens foram agredidos no dia 14. No início do trajeto, dois manifestantes acabaram alvejados por ovos atirados de um condomínio residencial da Avenida Higienópolis.
![Mackenzie - Dimitri Sales - homofobia_2193](https://gutenberg.vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/protesto018-0.jpeg?quality=70&strip=info&w=650)
Procurado por VEJA SÃO PAULO, o chanceler Nicodemus, que também exerce o cargo de pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, não quis comentar o assunto. Em nota oficial, o Mackenzie “reconhece o direito de manifestação pacífica”. Afirma ainda que “sempre prezou pelo respeito à diversidade e pelo direito de liberdade de consciência e de expressão religiosa”.