Luighi, jogador do Palmeiras, sofre racismo e gera manifestações nas redes sociais
Jovem de 18 anos saiu de campo após a ofensa e desabafou em entrevista: "Até quando a gente vai passar por isso?"

Luighi, de 18 anos, jogador do sub-20 do Palmeiras sofreu uma ofensa racista na noite de quinta-feira (6), durante um jogo no Paraguai. Na partida, um torcedor do Cerro Porteño imitou um macaco na direção de Luighi, que protestou. Ele deixou o campo chorando e desabafou em entrevista depois da partida. “Até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime”, afirmou Luighi, que cobrou ações da Conmebol e da CBF.
O Palmeiras declarou seu repúdio no X (antigo Twitter):
“É inadmissível que, mais uma vez, um clube brasileiro tenha de lamentar um ato criminoso de racismo ocorrido em jogos válidos por competições da CONMEBOL. A Sociedade Esportiva Palmeiras presta toda solidariedade aos atletas do clube que estão disputando a Libertadores Sub-20 no Paraguai e comunica que irá até as últimas instâncias para que todos os envolvidos em mais esse episódio repugnante de discriminação sejam devidamente punidos. Racismo é crime! E a impunidade é cúmplice dos covardes! As suas lágrimas, Luighi, são nossas! A Família Palmeiras tem orgulho de você!”
A Confederação Brasileira de Futebol também se manifestou na rede social:
“A CBF repudia a ofensa racista sofrida pelo atacante Luighi, do Palmeiras, no Paraguai. A entidade já acionou a Diretoria Jurídica e fará uma representação à Conmebol cobrando rigor nas punições. O protesto será feito ao presidente Alejandro Dominguez e à Comissão Disciplinar da entidade que comanda o futebol na América do Sul.”
O presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, primeiro presidente negro a comandar a entidade, afirmou: “É chocante assistir cenas como essas. Racismo é crime e deve ser combatido por todos. Sei do tamanho da dor sofrida pelo Luighi. Basta de racistas no futebol. A CBF vai representar na Conmebol pedindo punições enérgicas”.
A Conmebol não se manifestou sobre o caso.
A ofensa racista gerou forte repercussão também em clubes rivais, que criticaram a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), organizadora da Copa Libertadores, e saíram em defesa do atacante alviverde.
O São Paulo Futebol Clube declarou solidariedade a Luighi. “Parabéns pela coragem em seu desabafo e posicionamento. Você representou milhões de pessoas que não aguentam mais sofrer com atos criminosos como esses. Que os responsáveis sejam punidos. Independentemente de clubes e rivalidades, que lutemos juntos contra esses episódios lamentáveis e repugnantes de racismo. Basta!”, afirmou a equipe em publicação do X.
O Corinthians também expressou solidariedade nas redes, reiterando “o absoluto repúdio aos atos racistas que frequentemente acontecem contra jogadores brasileiros. Acima de qualquer rivalidade, esta luta é contra o racismo”.
Outra figura que se manifestou foi a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco. “O choro de Luighi nos comove e indigna, o racismo nos desumaniza, nos fere e machuca nossa dignidade de ser e existir. Não há mais espaço para tolerar práticas criminosas como essa em ligas de futebol ou qualquer esporte no Brasil, América Latina ou no mundo. O MIR, junto ao Ministério dos Esportes e outros entes esportivos, tem reunido esforços para combater o racismo nos esportes. Minha solidariedade, abraço e afeto à Luighi e todos os jogadores que foram vitimados nesta noite. Vocês não estão sozinhos nesta luta!”, escreveu.