Raros retratos
Leilão beneficente dá acesso, pela primeira vez no Brasil, a imagens originais em preto e branco dos principais fotógrafos do mundo, de Man Ray a Henri Cartier-Bresson
Em 1937, já um grande nome da fotografia e das artes em geral, o norte-americano Man Ray passava férias em Antibes, sul da França, quando se deparou com uma rua chamada Sade. Ray, influenciado pelo movimento surrealista – no qual ecoam ideias do escritor francês Marquês de Sade – clicou uma das esquinas da via, onde é possível ver a placa “Rue Sade”. Essa foto se tornou uma das mais famosas e raras de Man Ray. Ao mesmo tempo em que reproduções da imagem rodaram o mundo, pouco se sabe sobre as tiragens originais. Uma delas, em formato de cartão postal, foi vista em leilão 20 anos atrás. Outra, de tamanho 17,2 cm x 12,1 cm, faz parte do acervo do Centro Georges Pompidou, em Paris. A terceira, também 17,2 cm x 12,1 cm e assinada a lápis pelo próprio fotógrafo no verso, foi vendida pelo cunhado de Ray a um colecionador e agora será leiloada aqui no Brasil, na próxima quarta-feira (08), na primeira venda de fotografias vintage no país.
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Na fotografia, a denominação vintage indica algo especial, seja pela raridade, pela qualidade, ou por ambos os motivos. Só são classificadas desta maneira fotos que obedeçam a requisitos como ter sido revelada pelo próprio autor — sendo assim original — e, de preferência, próxima à data em que o clique foi feito. Ajuda a aumentar o valor como obra de arte se tiver tiragem reduzida. Não há uma regra clara sobre qual seria este número, mas o mercado de colecionadores prefere que as impressões não passem de 50. “Rua Sade (1937)” obedece às especificações, assim como “Hyde Park (1938)”, do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, na qual se vê uma senhorinha anônima vestida com um casaco de estampa geométrica sentada sobre um jornal em um banco no parque londrino.
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Elas se juntam a outras 38 obras vintage de fotógrafos como os norte-americanos Bruce Weber e Richard Avedon, conhecidos pelas fotos de moda, o francês Robert Doisneau, autor da icônica imagem “O Beijo do Hotel de Ville (1950)”, um símbolo do pós-guerra — e cujo centenário de nascimento está sendo comemorado durante este ano de 2012 —, e a também norte-americana Annie Leibovitz, cujo portfólio é recheado por registros de celebridades, entre outros. Essas fotografias irão a leilão no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, e foram selecionadas pelo curador carioca Pedro Corrêa do Lago entre seis colecionadores, do Brasil e estrangeiros. Apenas uma imagem foi doada: “Jovem do Sudão Francês (c. 1940)”, de Pierre Berger, cuja oferta inicial é de 20 000 reais — os lances da noite vão variar entre 15 000 (fotos do britânico David Bailey e do norte-americano George Hurrel) e 90 000 reais (“Rue Sade”, de Man Ray) e parte da renda será doada à organização Childhood Brasil, que combate a exploração de crianças.
Antes da venda, as fotos, que além de comporem uma boa amostra do gênero traçam um panorama da história da fotografia nos séculos XIX e XX, ficam expostas no Shopping Iguatemi, também em São Paulo. O leilão será aberto ao público.
Exposição. De 02/08 a 07/08, no Espaço One do Shopping Iguatemi, durante o horário de funcionamento do shopping, com entrada gratuitaLeilão. Dia 08/08, no Museu da Casa Brasileira, a partir das 19h30. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2 705, São Paulo