Região da Lapa registra o maior índice de furtos de veículos da cidade
Uma média de quatro crimes do tipo ocorrem por dia no distrito. Características e circunstâncias atraem e favorecem a ação dos bandidos
Não costuma demorar muito. Bastam três minutos longe do carro para encontrar a vaga onde estacionou seu veículo vazia. A cena, infelizmente, faz parte do cotidiano de várias regiões, mas, na Zona Oeste da cidade, ganhou um aspecto mais grave. De janeiro a agosto, o 7º Distrito Policial — que cuida dos bairros Lapa, Vila Romana, Vila Ipojuca e alguns trechos da Pompeia, em um território de aproximadamente 100 quilômetros quadrados — contabilizou 1.067 furtos de veículos. O que resulta em uma média de quatro ocorrências do tipo por dia. Com isso, a área virou a mais problemática da metrópole nesse campo, segundo estatísticas divulgadas na semana passada pela Secretaria da Segurança. “Existe aqui uma série de características e circunstâncias que atraem e favorecem a ação dos bandidos”, afirma o delegado Rubens Eduardo Barazal, titular do 7º DP. “Estamos fazendo um conjunto de ações planejadas para reduzir essa questão.”
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O aumento do nível de renda dos moradores nos últimos anos está entre os fatores que transformaram a região num alvo. “Cada vez mais se veem edifícios de alto padrão instalados por aqui e nem todos possuem garagens suficientes, o que incentiva os moradores a deixar os carros na rua”, conta o delegado.
Entre 2005 e 2010, os imóveis da Lapa valorizaram-se 201%, contra 143% da média de toda a capital, de acordo com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). O bairro é também uma rota de fuga para as marginais e tem proximidade com áreas periféricas, a exemplo de Brasilândia, Freguesia do Ó e Pirituba. Além disso, a concentração de estabelecimentos comerciais, empresas, faculdades e hospitais ajuda a atrair ladrões. Essas características podem ser encontradas igualmente nos bairros que ocupam a segunda e a terceira posições no ranking de campeões de casos de furto, Perdizes e Pinheiros.
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Roubos de veículos, aqueles delitos que envolvem ameaças ou agressões, mostram-se mais comuns em pedaços pobres da cidade, entre eles São Mateus e Heliópolis. Na Lapa, não aparecem em números tão robustos quanto os furtos, mas ainda preocupam seus habitantes e frequentadores. Desde janeiro, somaram-se 349 roubos, algo como quarenta por mês.
O comerciante Joaquim Braga, de 48 anos, levou um susto há três meses. Ao estacionar em frente ao bar do qual é dono, junto de sua filha Talita, às 6h da manhã, foi abordado por dois homens, um deles armado. Precisou entregar a eles seu Fiat Siena 2009. “De agora em diante, só vou deixar meu carro dentro de um estacionamento”, diz ele. O roubo aconteceu na esquina das ruas Padre Chico e Barão do Bananal, esta última famosa por ser mira fácil de delinquentes. Na região, encontram-se o Sesc Pompeia, o estádio Palestra Itália, a boate The Week, o Bourbon Shopping, o Hospital e o Centro Universitário São Camilo e dezenas de residências.
No mês passado, a analista de sistemas Lisley Lázaro se juntou a um grupo de amigos em um bar da Vila Romana. Quando retornou do passeio, encontrou o porta-malas de seu Fiat Uno arrombado. Os ladrões se contentaram em levar o macaco, a chave de roda e o estepe. A maior parte do que é roubado segue para desmanches ou engrossa o material da indústria de clonagem de automóveis.
Desde o início do ano, foram expedidos 24 mandados de prisão e vinte pessoas foram detidas por estar envolvidas com esse tipo de atividade ilegal na região da Lapa. Cleodato Moisés do Nascimento, capitão do Comando de Policiamento, diz que a Polícia Militar está tomando providências para resolver o problema: “Intensificamos as rondas com motos e viaturas, além do uso de bases comunitárias móveis”. Afirma o delegado Barazal: “Temos pelo menos quatro investigações em andamento para encontrar não só o assaltante de rua, mas toda a gangue que o ampara”. Agora é esperar e cobrar os resultados.
PONTOS CRÍTICOS
Locais que atraem e favorecem a ação dos bandidos
Rua Clélia e adjacências
Próximo do Sesc Pompeia, Bourbon Shopping e estádio Palestra Itália
Rua Barão do Bananal
Nos arredores há o Hospital e o Centro Universitário São Camilo, além de dezenas de residências
Rua Tito
Uma das artérias principais da região, onde ficam a Faculdade Módulo Paulista e o Teatro Cacilda Becker
ZONAS PERIGOSAS
Campeãs de furtos de veículos e o número de crimes registrados em cada uma delas*
Lapa (7º DP): 1.067
Perdizes (23º DP): 886
Pinheiros (14º DP): 829
Vila Clementino (16º DP): 679
Penha (10º DP): 657
Vila Gustavo (39º DP): 613
Tatuapé (30º DP): 608
Parque São Lucas (42º DP): 598
Cambuci (6º DP): 592
Carandiru (9º DP): 580
*De janeiro a agosto. Inclui motos