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Quem foi o paulistano que usou o exoesqueleto na abertura da Copa

Juliano Pinto é paraatleta e perdeu o movimento dos membros inferiores após um acidente de carro em 2006

Por Silas Colombo
Atualizado em 5 dez 2016, 14h23 - Publicado em 13 jun 2014, 17h23

Em uma apresentação relâmpago durante a abertura da Copa do Mundo no Itaquerão, na Zona Leste, Juliano Pinto, vestido com um exoesqueleto comandado por seu pensamento, deu um chute inaugural simbólico para o Mundial e entrou para a história da ciência brasileira. Pinto se locomove com ajuda de uma cadeira de rodas desde 2006. Naquele ano, na noite de 3 dezembro, quando voltava de um rodeio nas imediações de Gália, cidade de pouca mais de 7 000 habitantes próximo à Marília, a 400 quilômetros da capital, onde mora até hoje, ele adormeceu ao volante e capotou o carro. O acidente resultou em uma paraplegia completa de tronco inferior e membros inferiores. Hoje, com 29 anos, Pinto é paraatleta e compete em corridas com a cadeira de rodas. Com a vida completamente adaptada, há seis meses dirige até a sede da AACD na Vila Clementino, próximo ao Ibirapuera, onde treinou os comandos do exoesqueleto junto com outros sete paulistanos. “Sempre existe um caminho e sempre existe esperança para aquele que acredita e para aquele que sonha”, disse Pinto.

A demonstração foi resultado do projeto Andar de Novo, que em apenas 17 meses, com o trabalho de uma equipe de mais de 150 profissionais de 25 nacionalidades liderados pelo cientista paulistano Miguel Nicolelis, buscaram devolver a chance de caminhar novamente para um  jovem que perdeu o movimento dos membros inferiores por causa de alguma lesão.

 

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A Fifa não autorizou que a apresentação fosse feita no centro do gramado, porque o peso do robô, que junto com o do seu piloto somava cerca de 120 quilos, danificaria a grama. Nicolelis disse em entrevista ao Jornal Nacional que a entidade havia prometido 29 segundos para a demonstração. “Nós realizamos em 16, e pelo visto a Fifa não estava preparada para filmar”, disse.

O projeto foi financiado pelo governo federal, que deu 33 milhões para a montagem do exoesqueleto e a realização dos testes clínicos. A demonstração da Copa teve apoio financeiro do Itaú Unibanco, em valor não divulgado.

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Os primeiros testes clínicos do grupo de pacientes começaram a ser realizados em janeiro de 2014, no laboratório da Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa na sede da AACD. Os procedimentos de treinamento foram coordenados por uma equipe clínica liderada pela médica brasileira Lumy Sawaki, da Universidade do Kentucky. Inicialmente, esses pacientes interagiram com um simulador virtual, gerado por computador. Nesse ambiente, os pacientes puderam usar um simulador robótico de marcha que os permitiu andar sobre uma esteira ao mesmo tempo em que viam, usando óculos de realidade virtual, um avatar que reproduzia os mesmos movimentos.

 

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Durante esse treinamento, os pacientes também receberam feedback tátil dos passos do avatar por meio da pele artificial que emite impulsos vibratórios mecânicos na região do corpo em que eles têm sensibilidade, como o antebraço, por exemplo. Com isso, seus cérebros aprenderam novamente a sentir as pernas e pés. Os testes também incluíram simulações em um ambiente virtual com os mesmos ruídos verificados numa partida de futebol com o estádio lotado.

 Após a conclusão dos testes virtuais, começaram os treinamentos com o exoesqueleto. A interface cérebro-máquina é feita por meio de uma touca com eletrodos que captam os sinais elétricos do couro cabeludo, com a técnica do eletroencefalograma (EEG. De acordo com Miguel Nicolelis, esse procedimento é suficiente para impulsionar, com o exoesqueleto, a realização de movimentos de membros inferiores. Os sinais cerebrais dos pacientes que usaram o exoesqueleto foram processados em tempo real, decodificados e utilizados para mover condutores hidráulicos.

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No dia 29 de abril de 2014 um dos pacientes conseguiu dar os primeiros passos com a veste robótica, usando somente o cérebro para os comandos. Até o dia 20 de maio, os pacientes já tinham dado, em média, 120 passos com o exoesqueleto cada um. Também foram feitos testes em ambiente semelhante ao da abertura da Copa do Mundo.

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