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Jornalista relembra história de Wilson Fittipaldi

Lemyr Martins, autor do livro <em>A Saga dos Fittipaldi</em>, da Panda Books, fala sobre a importância do pioneiro das transmissões de provas internacionais, morto na segunda (11)

Por Lemyr Martins
Atualizado em 5 dez 2016, 16h14 - Publicado em 15 mar 2013, 16h21

Foi em 12 de junho de 1949 que Wilson Fittipaldi fez a sua primeira transmissão internacional de corrida de automóveis, o GP de Bari, Itália. Na época era uma aventura irradiar um grand prix.  Não só pela emoção de narrar às peripécias de Alberto Ascari, Piero Taruffi, Giusepe Farina e do brasileiro Chico Landi, mas pela absoluta inexistência de o retorno radiofônico. Naquele GP da Bari, Fittipaldi só teve certeza de que sua voz atravessara o Atlântico, pelas ondas da Rádio Panamericana, depois de angustiantes seis horas de espera, ao receber a ligação telefônica de Paulo Machado de Carvalho, diretor da rádio, comunicando o sucesso da empreitada e a ordem para ele ficar na Europa e transmitir outras corridas. Wilson ficou. Transmitiu o GP de Possilippo, em Nápoles e o de Monza. Estas provas, por problemas de linhas telefônicas, foram gravadas e postas no ar nas semanas seguintes.

Wilson Fittipaldi já era fã de corridas aos 12 anos, quando resolveu faltar às aulas de sexta-feira para viajar ao Rio de Janeiro e realizar o sonho de assistir a corrida da Gávea de 1935. Prova internacional disputada, entre outros astros das pistas, por Carlo Pintacuda, herói de Fittipaldi. Gostou tanto do que viu que decidiu que ainda pilotaria naquele traçado do Trampolim do Diabo. Não pilotou, mas 13 anos depois, lá estava ele, já radialista, transmitindo as emoções da Gávea de 1947.

Na verdade, pouco se fez no automobilismo brasileiro que não tivesse a participação de Fittipaldi durante os seus 60 anos de profissionalismo esportivo.

Contemporâneo da construção de Interlagos, Wilson, além, de administrar o autódromo, pilotou carros e motos, organizou provas, fundou e foi cartola de várias federações e automóveis clubes. Também foi graças a uma campanha sua pelas rádios que Chico Landi ganhou uma Ferrari do presidente Getúlio Vargas, com a qual competiu internacionalmente.

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Outra proeza de Fittipaldi foi noldar grandes provas mundiais ao calendário brasileiro. Adaptou a Mille Miglia italiana a Interlagos, criando a longeva Mil Milhas brasileira e as 6 Horas de Interlagos. Nas 6 Horas narrou a vitória dos filhos Emerson e Wilsinho em 1967 e nas Mil Milhas, instituída em 1956, transmitiu a vitória de Wilsinho e do neto Christian, em 1993.

Embora Wilson Fittipaldi – Wilsão após o nascimento do filho Wilsinho – tenha ficado conhecido como locutor da Fórmula 1, após a transmissão da estreia de Emerson, no GP da Inglaterra de 1969, e da conquista do bi mundial do filho, ele fez quase tudo  como radialista. Transmitiu bailes de debutantes, de carnaval, apresentou programa de auditório, narrou provas de motociclismo e foi até cronista politico, cobrindo a Assembleia Constituinte de São Paulo em 1945, além de repórter da Agência Reuters e jornal Última Hora.

Wilsão sempre foi conivente e incentivador das obras dos filhos. Deu força na construção dos protótipos da Fórmula Vê, fabricada por Wilsinho e Emerson, ao Fitti-Porsche, mas foi decisivo na grande aventura dos Fittipaldi, o Fitti-1, o Fórmula 1 brasileiro. Foi ele quem conseguiu que a Copersucar – Cooperativa dos Produtores de Açúcar -, através da agência de publicidade PF Nascimento — financiasse os 3,5 milhões de dólares iniciais para construir o F-1 brasileiro.

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Mas todas essas aventuras motorizadas não apagaram as emoções do primeiro amor, o Topolino. Um modelo popular, fabricado pela Fiat, por sugestão de Benito Mussolini, movido a gasogênio, nos anos bicudos da Segunda Guerra Mundial.

A maior parte da carreira de 52 anos de radialista de Fittipaldi, iniciado em 1939, foi na Rádio Panamericana. Ele entrou, em 1947 e só saiu em 1981, prefixo onde virou Barão. O apelido foi dado pelo radialista Ney Gonçalves Dias, que ao ver Fittipaldi chegar ao estúdio da rádio, vindo da Europa, todo encapotado, de chapéu de aba curta, cachecol e o farto bigode branco, espantou-se e desabafou: “O Fittipaldi, parece um barão inglês”. O apodo colou eWilson tornou-se nobre,  principalmente na Itália.

A última transmissão de Wilsão na Fórmula 1 foi o Grande Prêmio dos EUA-West de 1980, em Long Beach. Corrida em que o Emerson foi ao pódio em terceiro lugar, com o Fitti F-1 e o Nelson Piquet venceu.

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