Fazenda irá bloquear bens de criminosos que usaram fintechs; entenda fala de Haddad
Declarações foram feitas após deflagração de megaoperação para combater irregularidades em combustíveis e lavagem de dinheiro em SP
O ministro da Fazenda, Fernanda Haddad, afirmou nesta quinta (28) que o governo deve intensificar atuação contra fraudes financeiras feitas pelo crime organizado, como as feitas pela quadrilha desmantelada na operação realizada em São Paulo que envolve postos de combustíveis e fintechs.
“Nós bloqueamos uma enorme quantidade de bens dos criminosos que vão ser utilizados para ressarcir os cofres públicos e para sufocar o crime, porque quando você tira dinheiro do crime, ele tem dificuldade de se reorganizar”, apontou Haddad.
O ministro da Fazenda também declarou que, a partir de sexta (29), as fintechs terão que prestar os mesmos esclarecimentos sobre movimentações financeiras.
As declarações foram feitas após ser deflagrada, nesta quinta uma megaoperação para combater irregularidades em mais de 300 postos de combustíveis em dez estados do Brasil. As quadrilhas envolvidas no crime utilizavam fintechs em vez de bancos tradicionais de pagamentos para dificultar o rastreamento dos recursos.
Não vamos deixar brechas para o crime organizado no sistema financeiro do país pic.twitter.com/bN6LsaWrk0
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) August 28, 2025
Adulteração e lavagem de dinheiro
A operação busca desmantelar uma facção criminosa envolvida em crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
Foram constatadas fraudes qualitativas – combustíveis adulterados fora do padrão da ANP (Agência Nacional do Petróleo)- e quantitativas (volume menor do que o registrado nas bombas).
Mandados de busca e apreensão contra cerca de 350 investigados são cumpridos nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O grupo sonegou mais de R$ 7 bilhões em impostos, segundo autoridades da Fazenda de SP.
A ação contou com uma equipe composta por cerca de 1 400 agentes, entre policiais federais, civis e militares e membros do Ministério Público e da Receita Federal.
Como funcionava operação da quadrilha
Há também indícios de que os investigados simulavam a compra dessas redes para ampliar o esquema criminoso, mas não pagavam os proprietários. Caso eles cobrassem, eram ameaçados de morte.
Segundo o Ministério Público, outra fraude investigada era a importação irregular do metanol. O produto, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, era desviado e transportado clandestinamente e utilizado para adulterar combustíveis.
Para ocultar os verdadeiros beneficiários dos lucros ilícitos, os ganhos eram distribuídos por meio de uma rede de interpostas pessoas, camadas societárias e financeiras, fundos de investimento e instituições de pagamento.
Os criminosos utilizavam ainda fintechs em vez de bancos tradicionais de pagamentos para dificultar o rastreamento dos recursos. Com a operação, as equipes devem colher ainda mais provas contra os envolvidos.