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Pais, alunos e professores relatam problemas com shows no Anhangabaú

Comunidade da Escola Municipal de Música e de Dança, na Praça das Artes, reclama de cancelamentos de aulas por eventos no Vale e no local de estudo

Por Guilherme Queiroz
8 set 2023, 06h00
Imagem mostra orquestra ensaiando, com dezenas de jovens tocando instrumentos clássicos, com regente à frente do conjunto, em ambiente fechado e bem iluminado
Ensaio de alunos da Escola Municipal de Música, na Praça das Artes (Sheila Zala/ Arquivo pessoal/Divulgação)
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Pais, alunos e professores das duas escolas que funcionam na Praça das Artes estão descontentes com os eventos que são realizados nas redondezas do equipamento público. Eles relatam cancelamentos de aulas e dificuldade de acesso às instituições em dias de montagem de palcos tanto no Vale do Anhangabaú, vizinho do endereço, quanto na própria Praça, além de ruídos que estariam atrapalhando a condução dos estudos.

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“Foram pelo menos quatro vezes neste ano que as aulas foram canceladas por eventos que não têm nada a ver com a escola”, diz a professora Lou Otero, 44, mãe de uma aluna.

“Quando há shows, isso dificulta a chegada (até a Praça das Artes) e eles montam caixas de som que tocam em volumes estratosféricos”, diz a designer gráfica Vanessa Rebouças, 46, mãe de dois alunos. “Nosso foco é música de concerto e de repente você tem um bate-estaca que compromete tudo, é incompatível”, relata um professor, que prefere não se identificar.

virada cultural 2023
Virada Cultural, no Anhangabaú: reclamações de barulho (Rovena Rosa/ Agência Brasil/Divulgação)
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O episódio mais recente é relacionado à Experiência Creme, do Spotify, que levou em agosto shows e itens de artistas do funk e do trap para a Praça das Artes. “As aulas foram adiadas um dia antes da montagem, ficamos sabendo em cima”, diz Juliet Moreno, 26, presidente do Grêmio Estudantil dos alunos da Escola de Música. “Na exposição, tinha apologia ao sexo e drogas, é um evento para maiores de 18 anos. Não me senti confortável com minha filha nesse ambiente”, diz Eliza Alonso, 38, produtora audiovisual. Para entrar nas cabines da exposição, era necessário apresentar documento. Procurado, o Spotify não se pronunciou sobre o assunto.

As escolas de música e dança contam com 2 000 alunos matriculados, de variadas idades. Sobre reclamações de barulho por conta de eventos no Vale, que neste ano recebeu a Virada Cultural e festivais com o MITA, a gestão municipal afirma que “até o momento, nenhuma reclamação de barulho excessivo no local foi registrada pelos canais da prefeitura”. O poder público diz ainda que em dias de montagem as entradas para a Praça são sinalizadas e os acessos são feitos com o auxílio de monitores, “com segurança”. Sobre as reclamações de cancelamentos, a prefeitura responde que para o caso da exposição do Spotify a aula suspensa “não interferiu no progresso dos alunos” e afirma que apresentou um cronograma para reposições.

Responsável pela programação artística do Complexo Theatro Municipal, que inclui a Praça das Artes, a organização Sustenidos afirmou à reportagem que pode realizar, no local, vários tipos de eventos e que “tem respeito e compromisso em garantir que as atividades das escolas ocorram da melhor forma possível”. O consórcio Viva o Vale, do Anhangabaú, não comentou sobre as reclamações de barulho e respondeu que por vezes loca a Praça para os shows e explica, por nota, que “em todos os eventos são disponibilizadas rotas alternativas, em caso de fechamento de vias para pedestres”.

Publicado em VEJA São Paulo de 8 de setembro de 2023, edição nº 2858

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