Ervas Daninhas: armadilhas do acaso
O experiente diretor Alain Resnais conta uma história intrigante
Dono do cinema Reserva Cultural e da distribuidora de filmes Imovision, o francês Jean Thomas Bernardini declarou em recente entrevista a VEJA SÃO PAULO que seu conterrâneo Alain Resnais é um diretor pé-quente entre os cinéfilos paulistanos. É provável que o empresário tenha tomado como exemplo Medos Privados em Lugares Públicos, fita dirigida por Resnais em 2006 e há quase dois anos e meio em cartaz na cidade. A comédia dramática Ervas Daninhas, o mais recente trabalho do cineasta, chega às telas para dividir opiniões. Com um roteiro feito de altos e baixos, não consegue entusiasmar tanto quanto Medos Privados… Mesmo assim se sai bem por carregar a marca, o talento e a experiência de Resnais, hoje com 87 anos de idade e cinquenta de carreira.
A trama flagra dois protagonistas que só se encontram depois de uma hora de película. Dentista, solteira e louca por sapatos da grife Marc Jacobs, a cinquentona Marguerite (Sabine Azéma, musa e mulher de Resnais) é assaltada ao sair de uma loja. Sua carteira de documentos vai parar casualmente nas mãos de Georges (André Dussollier), sessentão casado e com dois filhos adultos. Depois de muitos ensaios para chegar até a vítima, por quem se sentiu atraído depois de ver fotos dela, Georges deixa o imbróglio aos cuidados da polícia — na figura do dispensável personagem do ator Mathieu Amalric. Georges e Marguerite vão passar a história inteira entre encontros e despedidas, tapas e beijos.
Ervas Daninhas, de Alain Resnais (Les Herbes Folles, França/Itália, 2009, 104min). 12 anos. Estreou em 25/12/2009.