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Cuidadora de animais morre ao tentar salvar cães de incêndio

No enterro de Fernanda Fernandes, de 44 anos, um cão que perambulava pelo cemitério se sentou no túmulo no fim da cerimônia

Por Carolina Giovanelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 dez 2017, 06h00 - Publicado em 1 dez 2017, 06h00
A residência, na Zona Leste, após o fogo: o teto desabou (Leo Martins/Veja SP)
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Por volta das 7 horas da manhã do último dia 22, Fernanda Fernandes percebeu um incêndio no sobrado onde morava, na região de Artur Alvim, na Zona Leste. Ali ela vivia com dezesseis cachorros, seis dos quais era dona. O restante estava em situação de lar temporário ou hotelzinho, fontes de renda da paulistana de 44 anos. Dois integrantes da matilha não conseguiram sair.

A fim de salvar os pets, a moça, movida pelo desespero, encharcou-se com um balde de água e, sob protestos dos vizinhos, entrou na casa de madeira e alvenaria em chamas. O teto desabou, e ela não pôde escapar dali. A cadela Winnie morreu no local e a vira-lata Pituca foi levada para um hospital veterinário das redondezas.

Com grande parte do corpo queimada, sofreu uma parada respiratória horas depois e não resistiu. O centro médico que cuidou do atendimento, o Animaniac’s, não cobrou as despesas de 2 900 reais, em respeito à tragédia. A maioria das outras mascotes, em busca de adoção, acabou em hoteizinhos bancados por protetores de animais parceiros. As causas do desastre estão sendo investigadas.

Fernanda Fernandes
Fernanda: vítima da tragédia (Reprodução/Veja SP)

Muito querida na vizinhança, Fernanda se mostrava animada. “Era amiga até do bicho-de-pé”, lembra a tia Izaura Pereira. Solteira, gostava de festas embaladas por samba, de carros e motos (já havia trabalhado como motogirl e mecânica). Sofrera um AVC alguns anos atrás e teve uma das mãos e também uma perna afetadas, o que a levou a aposentar-se por invalidez. Além disso, convivia com um câncer no intestino.

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Seus pais moram em Fronteira, no interior de Minas. Ela deixou também um irmão. O comportamento às vezes rebelde da cuidadora se devia, na opinião de alguns, ao fato de ser adotada. “Perdemos três bebês antes de pegá-la”, recorda o pai, Luiz Carlos.

Winnie
A falecida cadela Winnie (Reprodução/Veja SP)

No enterro de Fernanda, na Vila Formosa, na terça (28), um cão que perambulava pelo cemitério se sentou no túmulo no fim da cerimônia. A cena inusitada fez as vezes de homenagem à salvadora dos animais. “Foi uma heroína”, diz a amiga Edenilce Santos. “Do jeito que amava os bichos, não se esperava outra coisa dela diante dos cachorros precisando de socorro”, completa.

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