Conheça e saiba onde estão enterrados os santos populares de SP
Projeto identificou nove milagreiros em cemitérios espalhados pela cidade
A concessionária Consolare identificou os cemitérios onde os chamados milagreiros ou santos populares estão sepultados na cidade de São Paulo. Ao menos nove cemitérios guardam os restos mortais dessas pessoas na capital paulista.
Resultado do projeto, as placas de identificação nos túmulos contêm informações sobre a trajetória dessas pessoas até se tornarem foco de devoção popular.
Série nas redes sociais
Além das placas, a iniciativa lançará neste mês a série “Memórias e Milagres” nas redes sociais, em parceria com o pesquisador independente associado à Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC), Thiago de Souza.
A organização explica que o objetivo da série é apresentar as histórias por trás desses túmulos, refletindo sobre a importância deles para a cultura e a religiosidade popular.
“Os milagreiros representam uma dimensão espiritual que resiste ao tempo e une diferentes gerações em torno da fé e da esperança”, afirma Thiago.
Milagreiros selecionados
Apesar de não serem canonizados pela Igreja Católica, ou seja, não são santos oficiais, essas pessoas são consideradas intercessores populares. Antes de serem reconhecidos pelo projeto, os túmulos já recebiam presentes e homenagens.
Com a iniciativa, nove deles foram oficialmente identificados com placas em diversos cemitérios da cidade. São eles:
Luigi Guglielmo (Cemitério da Vila Mariana)– Religioso desde pequeno, teve visões espirituais e dizia conversar com Jesus. Antes de morrer de pneumonia, afirmou que intercederia por todos os que tivessem fé. Seu túmulo, sob uma capela, é hoje local de orações e pedidos.
Silvinha (Cemitério do Tremembé)– Jovem falecida aos 19 anos. Sua mãe manteve uma vigília diária no túmulo por anos, transformando o espaço em símbolo de amor incondicional. O local tornou-se um santuário visitado por fiéis e curiosos tocados pela história.
Neusa Vidal, a “Menina que chora” (Cemitério Santana) – Menina doce que faleceu precocemente. Após sua morte, surgiram relatos de uma figura infantil vagando entre os túmulos e sons de choro. Sua sepultura é visitada por quem busca consolo para perdas precoces.
Menina Débora (Cemitério Vila Formosa) – Criança assassinada em um crime brutal que comoveu São Paulo. Seu túmulo tornou-se ponto de peregrinação, onde visitantes deixam brinquedos, flores e pedidos de proteção para crianças. É considerada um símbolo de pureza e fé.
Felisbina Muller (Cemitério da Quarta Parada) – Pouco se sabe sobre sua vida, mas relatos indicam que seu corpo permaneceu incorrupto após a morte. É conhecida por conceder graças ligadas à saúde, à proteção de animais e à aprovação em vestibulares.
Padre Adelino (Cemitério da Quarta Parada) – Sacerdote português que atendia fiéis em uma charrete. Tinha devoção a Nossa Senhora do Bom Parto. Seu túmulo é procurado por pessoas que buscam ajuda em temas como maternidade, saúde e harmonia familiar.
Antoninho da Rocha Marmo (Cemitério da Consolação) – Menino profundamente religioso que oferecia seu sofrimento pela cura de outras crianças. Desejava a criação de um hospital, o que foi concretizado por sua família. Está em processo de beatificação pela Igreja Católica.
Maria Judith (Cemitério da Consolação) – Mulher que teria sido vítima de violência doméstica. Após sua morte, começaram a ser atribuídas a ela graças, especialmente ligadas à vestibulares. Seu túmulo recebe inúmeras mensagens de agradecimento.
Marquesa de Santos (Domitila de Castro) (Cemitério da Consolação) – Figura histórica do Brasil Imperial, conhecida por sua generosidade e obras sociais. Após sua morte, relatos de milagres atribuídos à sua intercessão fizeram de seu túmulo um local de peregrinação.
Visita gratuita
Os milagreiros do Cemitério da Consolação podem ser visitados por meio de um passeio monitorado. Com condução de Francivaldo Gomes, mediador cultural da unidade, a visita acontece todas às segundas-feiras às 14h.
Outra forma de conhecer os milagreiros da unidade é participando dos passeios noturnos que acontecem mensalmente. A atividade é conduzida por Thiago de Souza e a historiadora Viviane Comunale.
Os ingressos de ambas as atividades são gratuitos e podem ser retirados no Sympla.