Carnaval 2025: moradores e comerciantes de Pinheiros pedem mudanças em blocos no bairro
Associações divulgam pleito que denuncia furtos, vandalismo, superlotação e queda no faturamento durante os dias da folia

O bairro de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista, concentra alguns dos principais blocos de Carnaval da cidade, como Ritaleena e Amélie Pulando, e tem se tornado passagem quase obrigatória para os foliões. Mas para os moradores, nem sempre é folia.
“Meu marido é paciente oncológico e quase não consegui levá-lo para o hospital quando ele teve uma emergência no último Carnaval. Foi desesperador”, relata moradora que se identificou apenas como Vanessa, que mora na agitada rua Ferreira de Araújo há 8 anos. A moradora conta que precisou forçar a passagem de carro pelo meio do bloco, e recebeu xingamentos e murros no veículo.
Ela não é a única que se preocupa: habitantes e lojistas do bairro se juntaram no começo do ano para lançar um pleito com demandas da comunidade para o Carnaval de 2025. Além da dificuldade de locomoção, poluição sonora, sujeira, depredação de bens públicos e privados e queda de até 70% no faturamento são alguns dos problemas relatados.
Os comerciantes, especialmente da Rua dos Pinheiros, afirmam que o fechamento das vias prejudica a receita e que episódios de furto e vandalismo ameaçam os estabelecimentos. “Não se sustenta um comércio que oito dias de um único mês tem que fechar as portas para mitigar prejuízos, falta de clientes, sujeiras em excesso, mau cheiro de urina, depredações e a interdição das vias das 7h às 22h”, registra o abaixo-assinado.
As associações pedem o fechamento das vias somente entre 10h e 17 h – atualmente eles desfilam das 10h às 18h -, a liberação das vias de acesso ao Terminal de Ônibus, trem e metrô para o fluxo de veículos e ônibus, a organização do fluxo da estação de metrô e limpeza das ruas paralelas e transversais à passagem dos cortejos.
Para Vanessa, é preciso controlar o tamanho dos blocos, que têm crescido cada vez mais. “Antes, o bloco passava e 5 minutos depois eu já conseguia me locomover pelas ruas. Não é mais o caso”, relata a moradora, que conta não conseguir acessar a própria casa durante o feriado. Ela também defende a criação de um canal direto de denúncia para blocos que não estejam cumprindo com o combinado, para que medidas possam ser tomadas instantaneamente.
A Polícia Militar destacou, em nota à Vejinha, que foram realizadas reuniões de alinhamento com a Subprefeitura de Pinheiros e que o Carnaval terá reforço policial na região, com equipe que incluirá policiais descaracterizados entre os foliões para prevenir roubos, furtos e demais delitos.
Já a SPTuris ressaltou que o município tem um canal de comunicação direto com os blocos de rua, bandas, escolas de samba, entidades carnavalescas e cidadãos interessados. A Central Permanente do Carnaval, em funcionamento desde 2 de dezembro de 2024, atua como um espaço para “ouvir e entender as necessidades de todos os envolvidos, além de ser um ponto para compartilhar dificuldades e buscar soluções conjuntas”, segundo nota. A empresa também afirmou estar comprometida com a “organização, segurança e respeito aos moradores e comerciantes de todas as regiões impactadas pelos eventos”.
O grupo de moradores e lojistas reforça que não é contra o Carnaval. “Somos a favor do bom planejamento, organização e da participação de representantes desta rede de organizações da comunidade de moradores e comerciantes de Pinheiros nas decisões que impactam diretamente nossa vida por quase um mês”, defendem, adiantando que reivindicam um Carnaval sustentável nos âmbitos econômicos, ambientais, sociais e comunitários. Vanessa completa: “Eu gosto do Carnaval, coloco fantasia, desço para rua. Para mim é super prático. Mas ele tem sido organizado de uma forma que não atende à população que mora aqui”.
Nos últimos anos, desde 2016, as associações locais se organizaram e reivindicaram pautas como a não utilização da Avenida Faria Lima para megablocos, o encerramento dos blocos até às 18h, para viabilizar o comércio local, e a não-interdição das ruas no pré e no pós-Carnaval quando não houver passagem de blocos. As demandas foram acatadas pela prefeitura.