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Bancas podem ganhar vida nova em São Paulo

Se aprovado pela Câmara Municipal, projeto de lei que libera publicidade nas bancas deve revitalizar esses pontos e criar novas áreas de convívio na cidade

Por Da Redação
Atualizado em 1 jun 2017, 16h03 - Publicado em 25 jul 2016, 19h19
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fotoprincipal_bancas (Romero Cruz/)
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Um dos jornaleiros mais tradicionais de São Paulo, o italiano Paolo Pellegrini, de 66 anos, começou no ramo ainda garoto, aos oito anos, ajudando o tio em uma banca no Viaduto do Chá, centro da cidade. Depois abriu com o pai sua própria banca, em 1967. O negócio deu tão certo que Pellegrini transformou os empregados em sócios e montou uma rede com cinco bancas em São Paulo. Agora, enxerga a possibilidade de dar uma nova guinada, com a ajuda de um projeto de lei em discussão na Câmara Municipal que pode revigorar as bancas da cidade, ao liberar, nesses pontos, a exposição de publicidade, restrita desde a entrada em vigor da Lei Cidade Limpa, há quase 10 anos.

O programa Banca SP, idealizado pelo prefeito Fernando Haddad com base em um projeto de lei de 2014, do então vereador José Américo (PT), estabelece uma política pública dentro da Lei Cidade Limpa que pode auxiliar na renovação de parte dos 3500 pontos de venda de jornais e revistas da cidade, com a veiculação de anúncios publicitários. As bancas poderão ter quatro painéis de até 90 centímetros de largura por 1,80 metro de altura, um em cada laterial externa e dois na parte traseira.

O projeto já passou por uma votação e aguarda a segunda aprovação em plenário, prevista para agosto, para que, então, possa ser encaminhado para sanção de Haddad.

Se for aprovado, os jornaleiros que quiserem colocar os painéis de publicidade deverão reformar suas bancas para adequá-las à Lei Cidade Limpa e também aos padrões a serem definidos pela São Paulo Urbanismo, empresa pública ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).

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O acordo para veicular os anúncios seria feito diretamente entre os donos das bancas e as agências de publicidade. Os jornaleiros pagariam uma taxa ao governo municipal, calculada de acordo com variáveis como o tamanho do terreno em que está a banca e a área total dos anúncios. A receita arrecadada seria direcionada a um fundo voltado à manutenção do chamado mobiliário urbano, categoria em que se encontram as bancas, os relógios e os pontos de ônibus da cidade.

Aumento nas vendas

O jornaleiro pode ser dispensado da taxa ou pagar menos ao governo se oferecer e cuidar de facilidades como bicicletários, bancos de jardim, wi-fi, tomadas para recarregar smartphones. “A ideia é não só deixar a banca mais bonita, mas torná-la uma área de convivência agradável, para que as pessoas sintam vontade de frequentar”, afirma José Antonio Mantovani da Silva, presidente do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo (SindjorSP).

A adesão ao programa Banca SP é opcional e o sindicato prevê que 2 000 bancas devem participar, o que geraria ao município uma arrecadação de cerca de 8 milhões de reais. A estimativa é que cada banca receba aproximadamente 1 000 reais por mês, em média, por painel com publicidade.

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O sindicato estima que somente a reforma das bancas para receber os anúncios já aumente em 30% as vendas, em média. “Um ambiente mais bonito, moderno e bem iluminado consegue expor os produtos de forma muito mais harmônica”, afirma Mantovani.

Foi o que aconteceu com a banca localizada em frente ao edifício Copan, na Avenida Ipiranga, no centro da cidade. Seu proprietário, Adroaldo Carrilho, de 63 anos, jornaleiro há 24, investiu em um teto de aço inox, iluminação embutida e ventiladores. Em um mês, seu faturamento cresceu mais de 70%. “Tem morador do Copan que nunca havia entrado na minha banca. Mas na primeira semana após a reforma já veio comprar. O ambiente ficou agradável”, diz Carrilho.

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Com o italiano Pellegrini não foi diferente. Sua banca localizada na Avenida Paulista, ao lado do Masp, ganhou, há cinco meses, uma estrutura nova, revestida de vidros, o que gerou  mais movimento e vendas. Agora, ele enxerga a possibilidade de ter outra fonte de renda, com a publicidade e a revitalização do entorno da banca. “Isso com certeza vai gerar retorno”, diz Pellegrini.

Ambiente de convívio social

As mudanças promovidas para receber os anúncios e a possibilidade de uma renda extra com publicidade têm potencial para inserir as bancas na vida urbana de um modo mais harmônico. “Bancas de jornal e revistas aproximam as pessoas”, afirma Fernando Forte, sócio-fundador do escritório FGMF Arquitetos.

Para Forte, se o projeto de lei for aprovado pela Câmara Municipal e os recursos utilizados no entorno das bancas, esses pontos se enquadrarão em uma tendência contemporânea de criação de novos ambientes culturais e de convívio social. “Os espaços públicos serão cada vez mais tomados pelas pessoas”, afirma Forte. “E as bancas podem fazer parte desse movimento.”

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