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Comanda unissex: estabelecimentos começam a ajustar preços

Agora, boates e restaurantes devem cobrar o mesmo valor de homens e mulheres

Por Adriana Farias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 jul 2017, 17h17
The Sailor Pub, no Jardim Europa: mudança em duas semanas (Mario Rodrigues/Veja SP)
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Vários bares, restaurantes e casas noturnas da capital cobram ingressos diferenciados de homens e mulheres. Trata-se de uma prática adotada por aqui há pelo menos trinta anos por motivos diversos, seja porque a mulher “come menos”, seja com a intenção de atrair mais homens à balada.

Na semana passada, no entanto, alguns estabelecimentos anunciaram mudanças nessa política. Um deles é o rock bar Gillan’s Inn, no Jardim São Paulo, na Zona Norte. O valor da entrada era de 20 reais para eles e 10 para elas; agora, varia de 20 a 25 reais, independentemente do gênero. “Fazíamos distinção dos valores apenas como uma forma de sermos gentis e cavalheiros”, justifica o dono, Luiz Franco.

Luiz Franco do Gillian’s Inn
Para Luiz Franco, do Gillian’s Inn, diferença entre preços por gênero era uma forma de cavalheirismo (Alexandre Battibugli/Veja SP)

A South’s Place Churrascaria, no Brooklin, na Zona Sul, alterou os preços na quarta (5). Antes, cobrava um valor entre 75,90 e 85,90 reais do público masculino, dependendo do dia, e 49,90 do feminino. Com a mudança, o rodízio passou a ser de 49,90 a 67,90 reais para ambos. A casa de shows latinos Rey Castro, na Vila Nova Conceição, e o pub The Sailor, no Jardim Europa, estudam seguir caminho semelhante a partir da segunda quinzena de julho.

O motivo desse movimento é uma determinação publicada na segunda (3) no portal da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça. Segundo a nota, a tradicional cobrança diferenciada é ilegal: “Trata-se de uma medida comercial abusiva, pois coloca a mulher em situação de inferioridade”. De acordo com a entidade, boates, bares, agências de festas e restaurantes têm um mês para se adequar. Quem não fizer a alteração poderá ser multado em um valor de 10% a 40% do faturamento mensal da casa.

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“Vamos, inclusive, fiscalizar os sites dos locais para flagrar as irregularidades”, promete o diretor executivo do Procon, Paulo Miguel. A decisão da Senacon foi tomada após a juíza Caroline Lima, de Brasília, ter acatado, em junho, o pedido de liminar feito pelo estudante de direito Roberto Casali Junior contra uma produtora que praticava a distinção de ingressos por gênero.

Prazeres da Carne. Crédito: Clayton Vieira
Prazeres da Carne: preço varia de 59,99 a 69,99 reais para homens e mulheres (Clayton Vieira/Veja SP)

Depois desse episódio, alguns endereços de São Paulo começaram a alterar suas tarifas por conta própria. Foi o caso da churrascaria Prazeres da Carne, na Vila Mariana. Hoje, o preço varia de 59,99 a 69,99 reais, independentemente do sexo.

Na quinta (6), a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) divulgou comunicado contra a norma. “A prática legal do livre-comércio não pode sofrer censura”, afirma o texto. Alguns proprietários de estabelecimentos estão preocupados. “A curto prazo, podemos perder público. Mas pretendemos criar mecanismos para isso não acontecer”, afirma Eduardo Papel, dono das casas Rey Castro e The Sailor Pub.

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“A medida pode provocar aumento na quantidade de cortesias, e, se for uma coisa descontrolada, muitos ficarão no prejuízo”, afirma Rafael Setrak, sócio da Wood’s, na Vila Olímpia. Por lá, as garotas costumam pagar a partir de 50 reais pela entrada e os rapazes, 70 reais. “Acho justo, mas tenho amigas que vão diminuir o número de noitadas com medo do aumento dos custos”, comenta a publicitária Laís Guedes, habituée da Wood’s. “É um passo importante para entender a igualdade”, rebate a documentarista Kelviane Lima, que frequenta bares de rock na cidade.

São Paulo 05 de julho 2017Foto Alexandre Battibugli
Rafael Setrak, sócio da Wood’s: “A medida pode provocar aumento na quantidade de cortesias” (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Na contramão da maioria dos endereços, a festa LGBT Ursound, com três edições mensais, geralmente no Hotel Cambridge, no
centro, sempre cobrou mais caro de mulheres, mas resolveu igualar os preços há um ano e meio. “Recebíamos muita reclamação dos clientes, e acabamos percebendo que era, de fato, uma ação discriminatória”, conta o organizador Eduardo Viola. “Essa nova determinação mostra uma mudança no comportamento da sociedade, e ficamos orgulhosos.”

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