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Famílias investem em empregadas e babás filipinas

Em busca de profissionais especializadas e com domínio do inglês, patrões de bairros nobres apostam nas contratações

Por Sérgio Quintella
Atualizado em 1 jun 2017, 16h25 - Publicado em 29 dez 2015, 23h00
babás filipinas
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Por três anos, a doméstica filipina Ilyn Saloloy ganhou a vida em Singapura, cidade-estado do Sudeste Asiático vizinha ao arquipélago onde nasceu. Foi um período difícil, em que trabalhou na residência de uma família chinesa cuja matriarca não era das mais amáveis e em jornadas diárias das 4 às 21 horas. Estava descontente com o emprego, mas a necessidade de enviar dinheiro ao país natal não lhe deixava muita escolha. Afinal, precisava ajudar a sustentar seus três filhos — dois meninos e uma menina, com idades entre 5 e 9 anos —, que ficaram sob os cuidados da avó, nos arredores da capital, Manila.

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Tudo mudou no começo de 2015, quando Ilyn conheceu o representante de uma agência de funcionários domésticos e descobriu as vantagens oferecidas pelo Brasil. “Ele me contou que a carga horária seria menor e o salário, maior”, lembra. A filipina topou a proposta e desembarcou por aqui em julho, para fazer faxina e ajudar a cuidar de uma trupe de três crianças e dois cachorros em um sobrado de 350 metros quadrados de um condomínio fechado no Morumbi.

Ganha 2 000 reais por mês (20% mais que a média das brasileiras na mesma função), cumpre jornada de oito horas e até recebeu um apelido carinhoso da patroa, a professora de inglês Juliana Mendes: Lili. Resultado: hoje, a doméstica é só sorrisos.

babás filipinas
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Ilyn faz parte de um grupo de cerca de 300 conterrâneos que emigraram para o Brasil em busca de trabalho, segundo dados oficiais do país asiático. Boa parte desse contingente instalou-se em São Paulo para atuar em serviços domésticos. Por aqui, essas estrangeiras são valorizadas pela vasta experiência. “Elas frequentam muitos cursos, como de cozinha e enfermagem, e o currículo chega a ter oito páginas”, explica Leonardo Ferrada, dono da Global Talent. De 2013 até hoje, a empresa trouxe mais de 100 mulheres para casas de alto padrão da capital.

Os patrões brasileiros desembolsam cerca de 14 000 reais para regularizar a documentação das candidatas e bancar as passagens de ida e volta, além de custear os serviços de intermediação da agência. “Ela é ótima, o serviço vale a pena”, entende a professora Juliana Mendes. Assim como a especialização, o idioma é um fator importante para a contratação das filipinas por famílias da elite paulistana. Em suma, os pais querem estimular os filhos a aprender inglês (a língua é um dos idiomas oficiais do país, ao lado do filipino).

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Por aqui desde 2013, a governanta Estrelita Valdez executa suas funções regulares em um apartamento em Higienópolis e ainda auxilia duas crianças nas tarefas escolares. Nos últimos dois anos, enviou quase 40 000 reais para os dois filhos, de 14 e 16 anos, que estudam em escola particular e pagam plano de saúde na terra natal. “Quando os meninos crescerem mais, voltarei para casa”, sonha. A troca de culturas é uma via de mão dupla.

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Há dois anos em uma casa na Cidade Jardim, a cozinheira Janet Duran apresentou aos patrões pratos típicos de seu país, como o menudo, que leva carne suína, passas e cenoura, e o pancit bijon, com frango, cenoura, repolho e pimentão. “Por outro lado, aprendi a fazer arroz, feijão, bife e estrogonofe”, explica.

As Filipinas são um dos maiores exportadores de mão de obra no mundo. Uma legião de 2,3 milhões de habitantes deixou o arquipélago em 2014 para trabalhar no exterior e fugir do desemprego que beira os 6%. A maioria opta por Arábia Saudita (402 000 pessoas), Emirados Árabes Unidos (246 000) e Singapura (140 000). O governo local, que incentiva esse êxodo oferecendo cursos profissionalizantes gratuitos, recebe de volta o equivalente a 10% do PIB. 

 

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mapa babás filipinas

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Visto de trabalho

Os requisitos exigidos de patrões e funcionários

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› Os donos da casa arcam com o custo da imigração e as passagens e precisam oferecer um quarto individual com acesso à internet

› O contrato é de dois anos, com a opção de mais dois; após esse período, a renovação não segue data fixa

› É necessário que pelo menos um dos adultos da residência fale inglês

› Todas as leis trabalhistas brasileiras devem ser cumpridas

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› Quem desistir do contrato no meio do caminho arcará com as despesas da passagem de volta

› Para trabalhar no Brasil, a profissional precisa ter no mínimo dois anos de experiência internacional

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