Arthur Caliman: estilista de casamentos
Desprezado pelos críticos, empresário de moda cria modelos para matrimônios e formaturas
Com 1,84 metro de altura, cinturinha de 60 centímetros e 84 centímetros de busto, a modelo checa Hana Soukupova, 21 anos, integra o time atual de tops de primeira grandeza. Talvez você nunca a tenha visto mais gorda – bem, quem viu? –, mas ela trabalhou para marcas importantes como Gucci, Versace, Max Mara e Balenciaga. Um nome de prestígio inversamente proporcional ao de todas essas grifes consta do currículo da moça desde o mês passado. Trata-se de Arthur Caliman, paulistano que aos 28 anos ocupa o topo de duas listas: a dos empresários de moda que faturam alto (fabrica por mês 1 500 vestidos de festa, distribuídos para 33 pontos-de-venda em todo o país) e a das figuras mais desprezadas pela turma da moda (que o classifica como cafona). Mudar essa imagem sem afetar a conta bancária é o desafio a que ele se dedica atualmente. “Já sou um sucesso comercial”, diz. “Só falta ser fashion.”
Quem é Arthur Caliman, afinal? Mesmo aqueles que não associaram o nome ao vestido já devem ter cruzado com peças dele numa festa – seu forte são casamentos, bailes de debutantes e, sobretudo, formaturas. “Digo sem medo que 80% das formandas de boas faculdades de São Paulo são minhas clientes”, jura. Exagero ou não, é comum ver turminhas de moças desembarcar na porta de sua loja, no Itaim, por onde circulam em média 100 pessoas diariamente. Elas chegam atraídas pela combinação de preço razoável (cada peça custa em média 1 500 reais) com um semiglamour que Caliman associou a sua marca por meio de campanhas em revistas de celebridades. Em sua loja, aliás, há fotos dele com famosos por toda parte. Seus modelitos, ele não nega, são em boa parte copiados de longos usados por estrelas de Hollywood no Oscar. Ou mesmo de desfiles de grifes nacionais. “Se o Amir Slama usa um decote interessante num biquíni da Rosa Chá, isso me inspira a criar algo parecido para moda festa”, afirma.
Na próxima semana, Caliman inaugura uma franquia em Curitiba. Até outubro, também no Itaim, abre as portas de sua primeira loja com peças para o público masculino, cujo primeiro garoto-propaganda é o jogador Edmundo, o Animal. Em ambas pretende repetir o clima: champanhe francês à vontade, música animada e uma equipe de vendedoras e costureiras que têm a missão de não deixar ninguém sair de mãos abanando. “Quem vender menos que as outras perde o emprego”, diz, radical. O novo endereço serve de teste para a estratégia de tornar a marca mais fashion. Ao que tudo indica, vai ser uma árdua batalha: cinco especialistas consultadas por Veja São Paulo preferiram não fazer comentários sobre a moda (ou ausência dela) do estilista. “Ele é o Carlos Miele dos pobres”, disse uma delas, que para fugir de polêmica pediu para não ser identificada. A atriz Karina Bacchi, espécie de embaixadora informal da marca, sai em sua defesa: “Esse pessoal da São Paulo Fashion Week adora pichar, mas ninguém vende como o Arthur.”