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Precisamos de um bom prefeito, não de um GPS, diz vice de França

Fala de Antonio Neto é relacionada ao fato de ex-governador não ser de São Paulo

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 nov 2020, 17h07 - Publicado em 2 out 2020, 00h41
Antônio Neto (PDT), vice de Márcio França (PSB): "não queremos promessas milagrosas" (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Nascido em Sorocaba e morando há cinquenta anos na capital, Antonio Fernandes dos Santos Neto, 67, afirma que prefeito não é carteiro para saber onde ficam todos os bairros. A declaração é para contrapor críticos de que Márcio França não conhece a capital (ele foi prefeito de São Vicente). Sindicalista há anos, Neto é contra a extinção de empresas públicas.

A candidatura dos senhores será de esquerda ou de direita?

Será de centro esquerda.

À Vejinha, em agosto, Márcio França desconversou e disse que a candidatura será de futuro.

Ele está certo. O Márcio é um homem amplo, de diálogo, que fala com todo mundo. Como prefeito, ele vai conversar com todos, de Bolsonaro a Doria, de Trump a Putin.

A atual gestão quer extinguir empresas públicas, como a Prodam. O senhor, que trabalhou na Prodesp, o que acha da medida?

Um grande erro. A empresa pode ser o grande cérebro da cidade. Com essa história de extinção, vão entregar os dados dos cidadãos, de IPTU e ISS, para uma empresa privada fazer o uso que quiser deles.

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A alegação é que a iniciativa privada tem mais poder de modernização do que a engessada prefeitura.

Essa é uma visão equivocada. Faltou investimento na Prodam ao longo dos anos. É a mesma coisa com o metrô. A prefeitura nunca colocou dinheiro no sistema de transporte sobre trilhos. Como querem ampliar essa coisa se a própria cidade não investe?

Antonio Neto e Márcio França
(Alexandre Battibugli/Veja SP)

O plano de governo dos senhores prevê quanto de investimento no metrô?

Temos que analisar. Mas temos que começar a pensar.

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Como avalia as críticas de que o Márcio França não conhece a cidade?

Acho uma injustiça. Não precisamos de um carteiro e nem de GPS. Quando se vai aos bairros, percebe-se que os problemas são iguais.

O senhor, como sindicalista, avalia de que forma a chamada uberização da economia? Muitos profissionais reclamam de escravidão e outros ganham mais do que sempre ganharam em seus ofícios anteriores, com carteira assinada.

Quem ganha dinheiro é o aplicativo. A pessoa não tem o equipamento e paga aluguel de carro, bicicleta, moto. Quem tem veículo próprio o coloca na rua, sem seguro e sem manutenção. De outra forma, a sua arrecadação é maior do que antes, mas não sabemos se ele paga previdência. Ele trabalha doze, quatorze horas por dia. E o cara da bicicleta? Ele bota uma caixa nas costas e não é funcionário do restaurante e nem do aplicativo. E nem do cliente. Se há acidente, ele fica solto na história. Também não sou a favor de proibir a uberização. Tem que equalizar para os trabalhadores são saírem prejudicados. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Qual sua opinião sobre o plano de desestatização da atual administração?

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A ideia mostra a inexperiência e a volúpia deles. Doria era da área privada, na pública é diferente. Tem Ministério Público, Tribunal de Contas, uma série de coisas. Não é só apontar o dedo e falar o que quer vender.

A chapa da qual o senhor faz parte pretende anunciar um plano diferente para o transporte, com gratuidade aos finais de semana. Mas até agora o modelo não ficou claro.

O modelo está sendo detalhado pela equipe de governo. Acho interessante. Tem gente que vai propor transporte 100% gratuito. Não queremos promessas milagrosas. Está sendo estudado.

Não é errado anunciar antes de um estudo?

Não, a ideia é importante. Vamos localizar dentro do orçamento como podemos subsidiar a gratuidade. E ver a previsão dos técnicos. É possível fazer um casamento.

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A Cracolândia, em época de eleição, volta a ser discutida e agora não é diferente. Desta vez, o Padre Júlio Lancelotti está no centro dos debates. O que o senhor acha dele e da degradação do pedaço?

O padre Julio faz um trabalho social muito forte. A responsabilidade tem sempre que ser do poder público, mas ninguém atua com competência. Ali é um problema de saúde pública e é muito fácil para os traficantes ficarem. A prefeitura vai lá, limpa de manhã e de tarde, e todos ficam muito bem. Precisam resolver isso de uma vez.

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Mas o Márcio França teve nove meses à frente do governo do estado e não lidou com a questão, lidou?

É problema da prefeitura. A prefeitura que precisa atuar para valer. Tem que pegar aquelas pessoas e ver que tipo de tratamento elas precisam. E combater o tráfico também.

Tráfico é problema de polícia, não?

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Tem que fazer parceria, meu amigo. Tem que chamar os órgãos para ajudar a combater aquela chaga.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 7 de outubro de 2020, edição nº 2707.  

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