Polo administrativo é a nova faceta de Alphaville
Com renda familiar média cinco vezes maior que a de São Paulo, bairro tende a ter muito crescimento imobiliário
Segurança, áreas arborizadas e uma boa rede de serviços a cerca de 23 quilômetros de capital. Ao longo dos anos, essa receita atraiu a Alphaville moradores com alto poder aquisitivo: a renda média familiar é quase cinco vezes maior que a da população de São Paulo. Mas, além dos perfis residencial, comercial e industrial, o bairro começa a ganhar uma nova faceta, com o surgimento de um polo administrativo após a instalação de muitos escritórios de empresas.
Opção para os incorporadores que buscam terrenos vagos, a região presenciou o lançamento de 2.540 salas comerciais, incluindo Tamboré e Barueri, entre 2006 e 2010. “O mercado imobiliário está aquecido”, diz o diretor-geral da Lopes Inteligência de Mercado para o litoral, interior e Alphaville, Paulo Santos Pinheiro. “O estoque atual é baixo: são apenas 280 unidades disponíveis, mas existem mais 1.200 a caminho”, completa. O valor do metro quadrado para locação comercial é de 91 reais, de acordo com a Buildings Espaços Corporativos Online, contra os 130 reais, em média, cobrados na Avenida Paulista, em prédio de padrão semelhante.
O segmento residencial também está em alta, e com uma particularidade. “Fazia dez anos que não apareciam apartamentos novos com um dormitório em Alphaville, o que começou a ocorrer no ano passado. É uma tendência que vem de São Paulo”, conta Pinheiro. Foram 764 desde 2009, a 3.711 reais o metro quadrado. Entre os motivos para o aumento da procura na região estão a proximidade do local de trabalho e a busca por melhor qualidade de vida. “A expansão comercial torna a área ainda mais atraente para morar, pois oferece qualidade de vida melhor que a da capital”, afirma o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia. Entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2011, foram lançadas 334 unidades de quatro dormitórios para venda, a um custo médio de 3.871 reais o metro quadrado. Há três anos, o valor era de 2.919 reais.
Com um contingente de 154.606 trabalhadores, Alphaville tem um número três vezes menor de moradores, 43.521. Os índices econômicos da população fixa são superlativos: 76,3% dos domicílios possuem renda mensal acima de 11.000 reais; em São Paulo são 16,7%. A média é de 16.724 reais — contra 3.427 reais da capital, segundo dados da Cognatis Geomarketing. Para atender a essa demanda, existe uma boa variedade de serviços, em alguns casos em proporção até superior à de cidades grandes. Farmácias, por exemplo: são 10,1 para cada 10.000 habitantes, contra 4,1 da metrópole. Proprietário da Droga Yoshi, que está prestes a inaugurar a terceira loja, o empresário Yoshi Fujimori, há 21 anos no bairro, não pode se queixar dos consumidores. “Os clientes daqui são exigentes, mas têm bom poder aquisitivo, sempre compram mais”, diz ele, que não se preocupa com a concorrência crescente no setor. “Parece que cada vez aumenta mais o número de fregueses”, comenta.
Os habitantes, por seu lado, fazem contraponto com a capital ao tecer elogios. “A segurança e o verde são o que mais me atrai aqui. Posso andar com o vidro do carro abaixado sem medo, ter tudo de que preciso por perto e ainda desacelerar do ritmo alucinante de São Paulo”, diz a estilista Mellina Nunes, há dezoito anos em Alphaville.