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“A Separação” é fascinante drama iraniano

Filme debate temas universais e conquista prêmios pelo mundo

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 17h28 - Publicado em 13 jan 2012, 23h50

A foto acima é da primeira cena deA Separação. Nela, o casal formado por Simin (Leila Hatami) e Nader (Peyman Moadi) está de frente para um juiz. Ela precisa do divórcio para poder mudar de país com Termeh (Sarina Farhadi), a filha adolescente. Como ele se recusa a assinar os papéis para a viagem da menina, o caso fica sem conclusão. Nader trabalha num banco e não quer sair do Irã e deixar seu pai, debilitado pela doença de Alzheimer.

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Na sequência seguinte, Simin faz as malas e volta a morar com sua família, Termeh permanece em casa com o pai e Nader contrata Razieh (Sareh Bayat) para cuidar do velho doente. Sem nenhuma experiência no ramo, Razieh tenta ajudar o marido desempregado (Shahab Hosseini) nas despesas. Mas, extremamente religiosa, essa muçulmana esconde do companheiro sua nova ocupação. Um descuido dela vai desencadear uma série de segredos, mentiras e mal-entendidos, que culminam em calorosas discussões na Justiça.

Depois do surpreendente “Procurando Elly” (2009), o diretor Asghar Farhadi conseguiu se superar. Em pré-estreia neste sábado (14) em cinco salas, “A Separação”, seu segundo longa-metragem lançado no Brasil, vem sendo apontado como o provável vencedor do Globo de Ouro, cuja cerimônia ocorre neste domingo (15), e bastante cotado para o Oscar de melhor filme estrangeiro. Do Festival de Berlim 2011, levou o Urso de Ouro e o Urso de Prata para os quatro protagonistas (Leila, Sareh, Moadi e Hosseini), além de ter sido a produção internacional preferida das associações de críticos de Nova York, Toronto e Chicago, entre outras.

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Todas as recompensas têm justificativa. Das fitas iranianas que desembarcam por aqui, as de Farhadi são, digamos, as mais acessíveis. Se há, sim, como pano de fundo as regras do rígido mundo islâmico, suas tramas possuem um apelo universal. Ao contrário dos trabalhos de conterrâneos, a exemplo de Jafar Panahi (“Isto Não É um Filme”) e Abbas Kiarostami (“Gosto de Cereja”), o enredo de “A Separação” mostra-se plural, além de ser carregado de realismo. Como se, a cada reviravolta, o realizador exigisse da plateia uma posição sobre os variados assuntos e comportamentos. O tema do divórcio, enfim, torna-se um mero detonador de conflitos cada vez maiores e irresistivelmente fascinantes. Em duas horas, o afiadíssimo elenco entrega-se sem trégua a debates de ordem política, religiosa e moral. Parece contraditório: de uma nação reprimida, controlada pelo ditador Mahmoud Ahmadinejad, surge um magnífico tratado das relações humanas.

AVALIAÇÃO ✪✪✪✪✪

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