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“Senhora dos Afogados”: um clã à beira da tragédia
O diretor Jorge Farjalla encena a obra de Nelson Rodrigues mais próxima das tragédias gregas
O diretor goiano Jorge Farjalla, de 39 anos, carrega a essência dos grandes encenadores, algo raro no teatro brasileiro atual. Depois de Doroteia, o artista mergulhou em outra peça complexa de Nelson Rodrigues. Senhora dos Afogados (1947) é a obra mais próxima das tragédias gregas assinada pelo autor e resulta em uma montagem repleta de imagens e conceitos de fôlego.
A trama, levada para o Recife natal do dramaturgo, gira em torno do casal Eduarda (papel de Alexia Dechamps) e Misael Drummond (o ator João Vitti). De valores tradicionais e moral religiosa, eles acabam de velar uma das filhas. A visita de um marinheiro (o ator Rafael Vitti), noivo de Moema (a destacada Karen Junqueira), a filha que restou, traz à tona um segredo de Misael.
O elenco, tão heterogêneo, apresenta relativa unidade, inclusive no sotaque nordestino. Como Farjalla sobrepõe a encenação às interpretações, a ousada escalação até alimenta as estranhezas. Pouco experiente, Rafael Vitti dá conta do recado, e a inusitada escolha de Letícia Birkheuer para o papel de Paulo, o filho dos Drummond, é inegavelmente forçada, mas não compromete. Alexia e João Vitti dividem bons momentos. Com Nadia Bambirra, Jaqueline Farias e Du Machado (90min). 16 anos. Estreou em 23/2/2018.
+ Teatro Porto Seguro. Alameda Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 70,00 e R$ 90,00. IR. Até 29 de abril.
