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Blog do Lorençato

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 15 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Comer & Beber 2021: José Alencar de Souza é a personalidade gastronômica

O mineiro chegou à capital paulista sem saber cozinhar, mas se tornou um grande especialista em culinária italiana clássica

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Atualizado em 7 jul 2022, 13h44 - Publicado em 21 out 2021, 21h33
José Alencar de Souza vestido de dólmã e tênis All Star deitado sobre balcão do restaurante Santo Colomba levando uma garfada de macarrão trenette até a boca.
O chef sobre o balcão do bar do restaurante: o trenette é a especialidade (Ligia Skowronski/Veja SP)
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Uma das glórias do cardápio do Santo Colomba, preparada pelo mineiro José Alencar de Souza, 69 anos, tem o nome de trenette. É uma massa fina, comprida e fresca, de formato achatado, cujo berço é a Ligúria, ao norte da Itália. Fica perfeita com molho de tomate fresco em pedaços, perfumado com manjericão e, melhor ainda, com frutos do mar como camarão.

Embora tenha nascido na pequena Botumirim, distante quase 700 quilômetros de Belo Horizonte, Alencar se tornou um especialista em culinária italiana. Proprietário desde 3 de janeiro de 1993 do restaurante dos Jardins, o cozinheiro é um intransigente. Não vejam isso como um defeito. Ele não abre mão de bons insumos, o que se reflete na qualidade dos pratos que elabora. Até se tornar chef, Alencar pavimentou um longo trajeto.

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Chegou à capital paulista aos 19 anos. Desembarcou do trem em 1972 e trazia consigo um saco de pano amarrado com nó. “Tinha no bolso o que equivaleria hoje a pouco mais de 100 reais, se tanto”, lembra. A escassez de recursos o levou a ocupar um dos quartos de uma casa abandonada na Rua do Gasômetro, no Brás. Sem ter concluído o curso primário, que hoje chamam de ensino fundamental, conseguiu emprego de ajudante de pedreiro e não tardou muito para que fosse para a montagem de elevadores Villares.

Prato fundo de louça branca com massa ao sugo e garfada sendo levantada.
Trenette ao molho de tomate fresco e manjericão, das especialidades do Santo Colomba (Ligia Skowronski/Veja SP)
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Pouco tempo depois, surgiu uma chance que mudaria sua vida: trabalhar na extinta casa de chá Bem Me Quer, também na região dos Jardins. “Limpava o chão, lavava pratos. Era o que eu fazia”, conta. Viu ali uma oportunidade e se matriculou em cursos oferecidos pelo Senac de Águas de São Pedro, no interior do estado. Ainda com interesse pelo fogão, tornou-se garçom de enorme simpatia.

De volta à capital, trabalhou num restaurante famoso pela qualidade da comida, o Spaghetti Notte, das italianas Franca De Miccolis e Pina Sessarego. Numa ascensão meteórica, foi de garçom a maître em pouco mais de um mês, ao mesmo tempo que conquistou a atenção das duas, que lhe revelaram o melhor da cozinha italiana.

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Apaixonado pela boa mesa, vestiu o dólmã e não tirou mais. Trabalhou no Lutèce e montou o Affamato e o Alencar, onde assumiu de vez as panelas, até comprar o Santo Colomba, que havia pertencido ao publicitário Geraldo Alonso, mas foi fundado como um pub majestoso pelo empresário Edmundo Furtado em 1978, com mobiliário que se acredita ser de 1912 e ter pertencido à antiga sede do Jockey Club carioca.

Quem cruza a pesada porta de madeira não vai se contentar apenas com o trenette. Terá pratos como o agnolotti alla piemontese, o stracotto com polenta cremosa, o agnello in casseruola e até um delicioso arroz de pato. Pelos serviços prestados à gastronomia paulistana, José Alencar de Souza recebe o título de personalidade gastronômica de 2021.

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Leia a resenha sobre o Santo Colomba aqui.

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