Uma Vida Oculta
- Direção: Terrence Malick
- Duração: 174 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Estados Unidos, Alemanha
- Ano: 2019
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Nem é preciso ir muito longe para verificar que a II Guerra continua dando bons frutos no cinema, caso dos imersivos Filho de Saul (2015) e Dunkirk (2017). O que o diretor americano Terrence Malick faz em Uma Vida Oculta é, porém, totalmente o oposto e inédito. Na linha de seu cinema poético, em narrativa desalinhavada lentamente, o realizador arrisca um olhar bucólico e contemplativo sobre um caso real. Num vilarejo da Áustria, em 1939, o fazendeiro Franz (August Diehl) deixa a mulher (Valerie Pachner) e as três filhas para, obrigado, ingressar num treinamento militar. Volta algum tempo depois e percebe que seus vizinhos já foram tomados pelo discurso nazista de ódio e intolerância. Franz é da harmonia e da paz e recusa-se, inclusive, a doar dinheiro aos veteranos de guerra. Ele e sua família, então, são vistos como traidores da pátria e, por tabela, ignorados e/ou maltratados pelos conterrâneos. O protagonista resiste até onde pode. Contudo, em 1943, é forçado a alistar-se e, persistente, nega-se a fazer o juramento a Hitler. Malick usa muito a narração em off, imagens de árvores, águas, nuvens (a natureza em seu esplendor), a já icônica câmera em constante movimento e a montagem fragmentada — elementos que corroboram sua delicadíssima filmografia. E, ao contrário de trabalhos anteriores, como De Canção em Canção (2017) e Amor Pleno (2012), a estética está serviço de uma história robusta sobre o inabalável caráter de um homem ciente de seus ideais de justiça. Vale o aviso: as quase três horas de duração do filme podem até ser excessivas, mas cada minuto tem sua importância. Direção: Terrence Malick (A Hidden Life, Inglaterra/Alemanha/EUA, 2019, 174min). 14 anos. Estreou em 27/2/2020.