Portinari e a Poética da Modernidade Brasileira
- Ano: 2015
Resenha por Fernando Masini
Assim que retornou da Europa, em 1931, Candido Portinari participou, a convite do arquiteto Lucio Costa, de uma seminal e provocante exposição de ares modernistas, o Salão Revolucionário. Apresentou na ocasião dezessete obras, que despertaram amor e ódio entre os críticos de arte. O evento, realizado no Rio de Janeiro, serve como ponto de partida da mostra Portinari e a Poética da Modernidade Brasileira, organizada pela curadora Denise Mattar na Galeria Almeida e Dale. São 35 telas do pintor, nascido numa fazenda perto de Brodowski, no interior de São Paulo, em 1903. Uma delas, Retrato do Maestro Oscar Lorenzo Fernández, integrou a histórica seleção. Predominam no conjunto elementos típicos do país, como palmeiras, frutas tropicais, morros e jangadas, sem que isso signifique uma representação exuberante. Há um toque intimista e pessoal nas pinceladas de Portinari, mesmo quando ele combina numa mesma composição uma arara, um cacho de bananas e uma praia, caso de Flora e Fauna Brasileira (1934). A inocência de crianças, que empinam pipas em Brodowski ou se divertem num campo de terra em Futebol, é contrastada com trabalhos de temática social, quando tons mais terrosos dominam o cenário. Não deixe de ver os retratos que o artista dedicou a sua mulher, a uruguaia Maria Martinelli, com quem viveu até o fim da vida, em 1962, e a famosa tela As Moças de Arcozelo, exibida no MoMA, em Nova York. Até 15/8/2015.