Playground
- Direção: Marco Antônio Pâmio
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Cada vez mais frequente como diretor, o ator Marco Antônio Pâmio deixa evidenciado o quanto seu olhar de encenador deriva da experiência adquirida como intérprete. Assim É (Se Lhe Parece), Propriedades Condenadas e Consertando Frank são exemplos de montagens suas construídas graças ao enfrentamento de quem está no palco. O drama do americano Rajiv Joseph trouxe ainda outro desafio para Pâmio: escalar uma dupla protagonista que não fosse novata e convencesse em diferentes idades sem cair no ridículo. Os atores Mateus Monteiro e Lara Hassum dão credibilidade na pele de dois amigos que espiam pela janela o passar do tempo sem reações maduras. Seres autodestrutivos, eles são incapazes de transformar o sentimento que os une em nome da própria felicidade. Daniel e Karina, então com 8 anos, se conheceram na enfermaria da escola. Em uma balada, na adolescência, um torceu o pé e outro bebeu demais, ficando trancado no banheiro. Já adulto, o rapaz perdeu a visão de um olho ao estourar fogos de artifício, enquanto a moça enterrava o pai. Um dia, perto dos 30, Karina visitou o amigo em coma e sem perspectivas de sair do hospital, mas, passados poucos anos, os dois já se cruzam de novo em meio a uma surpresa não muito feliz. A dramaturgia foge de qualquer linearidade e faz o tempo saltar seja uma década para frente ou, na sequencia, doze anos para trás. Para alinhvar as situações, Pâmio propõe uma leveza na parceria cênica de Monteiro e Lara capaz de disfarçar o tom trágico da história e explora a versatilidade da dupla sem que ela se repita ou se mostre caricata. Estreou em 8/4/2016.