Navalha na Carne Negra

- Direção: José Fernando Peixoto de Azevedo.
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.


Clássico do teatro brasileiro, Navalha na Carne (1967) representou uma ruptura por desenvolver o conflito em um único ato, explorar um realismo raramente visto e centrar a ação em tipos marginalizados. Pela indiscutível importância, o drama de Plínio Marcos ganha mais uma versão, desta vez rebatizada de Navalha na Carne Negra, dirigida por José Fernando Peixoto de Azevedo. De diferente, aqui temos três bons atores negros, Lucelia Sergio, Rodrigo dos Santos e Raphael Garcia, na pele dos protagonistas, a prostituta Neusa Sueli, o cafetão Vado e o faxineiro Veludo, respectivamente. No mais, a opção tão significativa pouco extrapola o óbvio ou reconfigura o conceito no palco. Cansada de guerra, Neusa Sueli (papel de Lucelia) vara as noites na calçada e não entrega quase nada a Vado (Santos) no dia seguinte. A culpa pelo sumiço de um dinheiro que ela jura ter deixado na mesa de cabeceira recai sobre Veludo (Garcia), responsável pela limpeza do quarto. A montagem perde a chance de aprofundar uma nova leitura que radicalize a discussão racial e a opressão feminina. Limita-se a conservar a força da obra de Plínio sem ousar adaptá-la a favor de um discurso contemporâneo e pulsante. Logo, resulta, na prática, menos impactante que o proposto (60min). 16 anos. Estreou em 19/7/2018. Até 11 de novembro.