Histeria
- Direção: Jô Soares
- Duração: 115 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Jô Soares, com a sabedoria dos grandes diretores, prega uma pertinente cilada no respeitável público, ávido por gargalhadas. Escrita pelo inglês Terry Johnson, Histeria é uma divertida comédia, cheia de piadas e situações inesperadas. Só que por trás de cada cena está um tema pronto para provocar a plateia e, se não for pedir muito, fazê-la pensar um pouco na saída do teatro. Ambientada na Londres de 1938, a trama cria ficção em cima de um fato real. O psicanalista Sigmund Freud (interpretado por Norival Rizzo, em substituição ao ator Pedro Paulo Rangel) enfrenta um câncer terminal e anda amedrontado com a perseguição nazista aos judeus. Fixa, então, residência na capital inglesa para enfrentar essa dura fase. A pedido de um amigo, ele interrompe o sossego e recebe o pintor espanhol Salvador Dalí (o ator Cassio Scapin), curioso para estabelecer pontes entre o surrealismo e a mente humana. Como se não bastasse, uma aloprada moça (papel de Erica Montanheiro) implora por uma consulta, mas, na verdade, quer decifrar um segredo que envolve sua família. Tudo é observado por um médico judeu (o ator Milton Levy), encarregado da saúde do protagonista. Assuntos densos são embalados como diversão. A intolerância disseminada pela iminente II Guerra Mundial traz à tona a luta feminista e a percepção sobre a depressão. Se Scapin cativa desde a entrada, Erica surpreende ao inserir escracho à dubiedade da personagem e Levy, com menores chances, se faz convincente. O destaque, no entanto, é Rangel, que imprime fragilidade e deboche no seu Freud baseado na delicada visão de Jô. Pedro Paulo Rangel foi substituído por Norival Rizzo em janeiro de 2017. Estreou em 6/5/2016.