Elenco – A Cara da Bossa
Resenha por Jonas Lopes
Elas já eram reconhecíveis de longe, graças à inconfundível
combinação de apenas três cores — preto, branco e detalhes
vermelhos. Agora, as famosas capas de discos da gravadora
carioca Elenco estão reunidas numa mostra. Composta de 75
imagens (entre elas fotografias dos anos 60), Elenco — A Cara
da Bossa celebra, sobretudo, o talento de Cesar Villela, responsável
por um grande avanço no design gráfico brasileiro. Se hoje os
LPs do selo são valorizados em sebos e sites na internet (no eBay,
o disco Surf Board, de Roberto Menescal, custa 250 reais), o
mérito deve ser dado tanto ao conteúdo musical quanto ao visual.
Tudo começou em 1963, quando o produtor Aloysio de
Oliveira (ex-Odeon e Phillips) fundou a Elenco e contratou o
designer para criar o conceito visual da marca. “O melhor
caminho para vender era a vitrine de loja. Como as capas eram
muito poluídas, optei por chamar atenção com o mínimo de
elementos”, diz Villela, que tem hoje 79 anos. Outra influência
veio de uma frase do filósofo canadense Marshall McLuhan
(1911-1980). “Ele chamava o excesso de detalhes de ruído visual.
Achei isso muito moderno: simplificar para não complicar.” Entre
os artistas abrigados pela gravadora estavam Tom Jobim, Vinicius
de Moraes, Lúcio Alves, Sylvia Telles, Sérgio Ricardo, Nara
Leão, Maysa e Baden Powell. Villela trabalhou para a Elenco
por menos de dois anos — mudou-se em 1964 para os Estados
Unidos. A gravadora manteve seu estilo nas capas até ser vendida,
em 1967, para a Phillips. Até 10 de janeiro.