Carmen
- Direção: Nelson Baskerville
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A mítica cigana, que inspirou ópera de Bizet, filme de Carlos Saura, peça de Gerald Thomas e até novela de Gloria Perez, voltou aos palcos. Com dramaturgia de Luiz Farina baseada no romance de Prosper Mérimée, Carmen ganha direção de Nelson Baskerville em um oportuno diálogo referente aos dias de hoje. Afinal, só pela originalidade faz sentido promover a nova leitura de uma história tão revisitada. A personagem ganha o corpo e a alma da atriz e bailarina Natalia Gonsales, artista que se firma a cada trabalho. Destemida, impulsiva e instigante, a gitana encanta José (interpretado por Flavio Tolezani) e o leva para a clandestinidade. O policial passa a ser defenestrado em seu ambiente, envereda pelo crime, desafia as drogas e o sexo em nome de uma paixão de contornos trágicos anunciados. Desesperado, ele não segura a onda e põe um fim na situação de forma violenta. A encenação propõe o ponto de vista de José atrás das grades, remontando o quebra-cabeça que o privou da liberdade. Carmen também defende sua identidade e abre espaço para o debate em torno do feminismo e da banalização da violência contra a mulher. Natalia e Tolezani representam com garra as contradições e a passionalidade dos personagens. Encontram no ator e bailarino Vitor Vieira, que se divide nos demais papéis masculinos, uma firme parceria dramática também nas coreografias criadas por Fernanda Bueno. A leitura contemporânea, despida de clichês, ainda é valorizada pela trilha sonora de Marcelo Pellegrini e figurinos de Leopoldo Pacheco, além dos cenários e iluminação de Marisa Bentivegna. Estreou em 30/6/2017.