Aula Magna com Stálin
- Direção: William Pereira
- Duração: 150 minutos
- Recomendação: 16 anos
- Ano: 2015
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A tragicomédia Aula Magna com Stalin, escrita pelo inglês David Pownall, volta ao cartaz com elenco renovado. Eduardo Semerjian e André Garolli entram no time ao lado de Carlos Palma e Luiz Damasceno. A peça carrega um mérito de largada. Recorre a diversos gêneros, como o drama, a comédia, a sátira e a tragédia, para tratar de um assunto relevante, mas capaz de causar repulsa se fosse levado com sisudez: a delicada relação entre a arte e política. Ambientada na Moscou de 1948, a trama recorre a personagens reais para tratar de uma situação fictícia. Andrei Jdanov (interpretado por Luiz Damasceno), secretário de cultura do ditador Josef Stalin (papel de Eduardo Semerjian), convoca uma reunião com os compositores Sergei Prokofiev e Dmitri Shostakovich (representados por Carlos Palma e André Garolli, respectivamente). As autoridades querem convencer os artistas a redefinirem as características de suas obras de forma que atendam aos interesses do Estado e sejam facilmente digeridas pela população. O despotismo cínico de Stálin e o incômodo de Jdanov são aos poucos diluídos devido às sucessivas doses de vodca, e fica evidente a real intenção da reunião e até uma surpreendente redenção dos personagens. A direção de William Pereira foca atenção no bom quarteto de atores e nos caminhos opostos adotados por cada um em suas caracterizações. Damasceno e Mattos naturalmente se destacam no contraste de perfis contidos e exaltados, enquanto o peso dramática de Palma e a introspecção de Folgosi também surtem resultados. A possibilidade, no entanto, de trazer à tona a discussão da interferência do Estado na arte se torna importante em um momento de intolerância, inclusive por parte do público. Estreou em 21/5/2015.