Até que Deus É um Ventilador de Teto
- Direção: Pedro Granato
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Escrita por Hugo Possolo, a peça Até que Deus É um Ventilador de Teto é vendida sob o carimbo de comédia dramática. Mais exato seria defini-la como um pungente drama contemporâneo sobre um homem angustiado e impotente diante da realidade. As poucas risadas que o público dá resultam da tensão que envolve um jornalista (muito bem representado pelo autor) em crise pessoal e profissional. Os problemas não são poucos. O trabalho ficou medíocre, o casamento perdeu o encanto e o filho, um tanto indiferente, está prestes a voltar de uma temporada fora do país. Para completar, o protagonista vive atormentado pela insegurança nas ruas. Diariamente, ele avista em um semáforo um mendigo de olhos claros (papel de Raul Barretto), que, em sua fantasia, poderia ser Jesus Cristo disfarçado na terra. A aproximação entre os dois personagens faz a história tomar um novo caminho, que surpreende o espectador e aumenta ainda mais o caráter melancólico da reflexão proposta. A direção de Pedro Granato é uma embalagem inteligente para o texto e tem como principal acerto limpar qualquer traço cômico de Possolo, tão marcado pelas montagens de palhaços do grupo Parlapatões. Na sequência do monólogo tragicômico Eu Cão Eu (2013), Possolo mostra como autor e intérprete a inquietação de se renovar. Mais que isso, a disposição de se entregar às orientações de um diretor em um terreno em que não costuma transitar com tanto conforto, o dramático. Estreou em 27/8/2015. Até 26/3/2016.