A Vida
- Direção: Nelson Baskerville
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Uma roleta define quais cenas serão apresentadas a cada sessão e a ordem delas. Com essa proposta, o diretor Nelson Baskerville e os intérpretes da AntiKatártika Teatral montaram o espetáculo A Vida, uma espécie de documentário cênico com pitadas de programa de auditório apoiado em lembranças do elenco. Baskerville e os atores Camila Raffanti, Felipe Schermann, Hercules Moraes, Nuno Carvalho, Tamirys O’Hanna e Thaís Medeiros vasculharam a memória atrás de dramas ou tragédias pessoais capazes de dialogar com a plateia. O resultado é formado por 37 cenas ensaiadas. Em sete fases, doze desses quadros são vistos por noite em mais de mil combinações possíveis. A montagem assume o risco de oscilar e até beira a irregularidade, mas se torna justificada por seu eixo central. Afinal, a vida de ninguém é repleta de momentos inesquecíveis. Muitas vezes, é dominada por situações comuns e desprovidas de graça que abrem espaço para o impacto. Na sessão avaliada, em 11 de junho, a peça começou singela com Minha Mãe Separada e A Aldeia, crônicas de costumes em torno da infância. Perdeu a mão em Supermercado, sobre o reencontro de um ex-casal, e Bonecas Pretas, que trata de racismo. O curso foi seguido com Oração à Morte e La Nonna É Morta para encontrar o ápice na reta final. Tamirys O’Hanna protagoniza o pungente Isso É Amor, reconstituindo o estupro sofrido na adolescência. O teatro proporciona à situação um desfecho vigoroso, tendo como fundo uma versão da música Moça, sucesso do cantor Wando. Na mesma linha perturbadora, mas de caráter emotivo, Felipe Schermann lidera Varizes de Esôfago para abordar a reinvenção de seu pai depois de ser obrigado a abandonar o álcool. Estreou em 2/6/2017.