A Odisseia dos Tontos
- Direção: Sebastián Borensztein
- Duração: 116 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Argentina e Espanha
- Ano: 2019
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Em 2001, a Argentina mergulhou em uma das maiores crises financeiras de sua história. O chamado corralito congelou depósitos realizados em contas-correntes e poupanças e estabeleceu um limite pífio para retiradas semanais. A Odisseia dos Tontos, comédia dramática dirigida por Sebastián Borensztein, começa um pouco antes desse episódio. O casal Fermín (interpretado por Ricardo Darín) e Lídia (papel de Verónica Llinás) soma forças com amigos e pequenos empresários da província de Buenos Aires em nome do sonho de recuperar uma cooperativa agrícola. Confiantes no investimento, todos raspam as economias e são vítimas do golpe de um advogado e de um gerente de banco para ficar com os dólares dos incautos empreendedores. Algumas tragédias e reviravoltas dão sequência à história até que o grupo, unido pelo desespero, descobre o paradeiro do dinheiro e entra em uma insana gincana para recuperá-lo. O filme, que começa promissor e até esboça um engajamento político e social, assume gradativamente um caráter cômico, quase nonsense, nessa caça ao próprio tesouro. O recurso esvazia bastante a densidade de algumas tramas, principalmente a da relação de Fermín e seu filho, Rodrigo (vivido por Chino Darín), um jovem que abandona a universidade e volta para casa sem perspectivas. Também recorre a personagens caricatos, como o advogado Fortunato Manzi (o ator Andrés Parra), que parece extraído de uma história em quadrinhos. Em meio às concessões, o longa se apoia no talento de Darín e na infalível identificação do público em relação aos injustiçados em meio à revanche. Pode divertir e até emocionar, mas deixa a sensação de que, rendido a um recorte convencional, o filme cumpre metade do potencial. Direção: Sebastián Borensztein (La Odisea de los Giles, Argentina/Espanha, 2019, 116min). 14 anos. Estreou em 31/10/2019.